Geral

UE propõe reforma do ‘Blue Card’ para realocar imigrantes

07/06/2016
UE propõe reforma do ‘Blue Card’ para realocar imigrantes
Segundo o comissário para Imigração, Dimitris Avramopoulos, o modelo atual é "insuficiente e pouco atraente" e por isso "pouco utilizado". A proposta visa mudar o documento aprovado de 2009, com a abolição de algumas regras nacionais e uma abertura aos refugiados.  (Foto divulgação)

Segundo o comissário para Imigração, Dimitris Avramopoulos, o modelo atual é “insuficiente e pouco atraente” e por isso “pouco utilizado”. A proposta visa mudar o documento aprovado de 2009, com a abolição de algumas regras nacionais e uma abertura aos refugiados.
(Foto divulgação)

A União Europeia apresentou mais um plano para tentar gerenciar a crise imigratória que atinge o continente e propôs a reformulação do chamado “Blue Card” para realocar estrangeiros qualificados para os países-membros. As decisões foram anunciadas em reunião realizada nesta terça-feira (07).

Segundo o comissário para Imigração, Dimitris Avramopoulos, o modelo atual é “insuficiente e pouco atraente” e por isso “pouco utilizado”. A proposta visa mudar o documento aprovado de 2009, com a abolição de algumas regras nacionais e uma abertura aos refugiados. Avramopoulos destacou que a medida teria um impacto econômico positivo entre 1,4 bilhão de euros e 6,2 bilhões de euros por ano. Em particular, a mudança teria efeito sobre os beneficiários de proteção internacional, como os refugiados sírios, por exemplo. Os estrangeiros poderiam trabalhar na União Europeia com base em suas competências e seus estudos, ocupando lugares atualmente vagos.

De acordo com informações oficiais de Bruxelas, é estimado que, até 2020, haverá 756 mil vagas de trabalho no setor da tecnologia de informação, enquanto a área de saúde superará a cota de um milhão de postos de trabalho vagos. Por isso, a entidade quer um sistema mais “inclusivo” e “flexível”.

O “Blue Card” é uma resposta da União Europeia ao famoso “green card” dos Estados Unidos, e visa atrair mão de obra especializada para o continente. Atualmente, quem possui o documento tem uma paridade de salários entre estrangeiros e cidadãos, livre circulação pela área Schengen, acesso aos benefícios sociais, entre outros. Com exceção da Grã-Bretanha, Dinamarca e Irlanda, todas as outras nações assinaram o documento.

Além dessa proposta, os órgãos europeus debateram outros pontos importantes da questão, que tiveram como base o “Migration Compact”, apresentado pela Itália para gerenciar a crise imigratória de maneira diferente. O vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, confirmou que “era a ideia” do premier Matteo Renzi que foi apresentada hoje.

Já a alta representante para a Segurança e Política Externa, Federica Mogherini, ressaltou que o plano apresentado por Renzi “estava em linha” com o que estava começando a ser debatido pelas autoridades europeias. “Foi um trabalho de equipe”, destacou.

Para o ministro italiano das Relações Exteriores, Paolo Gentiloni, o bloco econômico começou a dar os “passos certos” para mudar a rota na questão imigratória.

“A apresentação por parte da Comissão Europeia sobre aspectos externos da imigração constitui um primeiro passo na direção da mudança de rota fortemente pedida pela Itália. Continuaremos a trabalhar com o máximo empenho até que o Conselho Europeu, no fim de junho, possa chegar a uma decisão comum para enfrentar esse desafio”, disse o chanceler.

– Mais de 10 mil mortos: No dia em que a União Europeia fez mais uma reunião sobre a crise imigratória, a Agência das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) divulgou um relatório em que aponta que, desde 2014, mais de 10 mil pessoas morreram ao fazer a travessia no Mar Mediterrâneo.

O porta-voz da Acnur, Adrian Edwards, ainda demonstrou preocupação com o alto número de falecimentos em 2016, que está acima do registrado no ano passado.

“Desde o início deste ano, mais de 2,8 mil pessoas morreram contra 3.771 mortes ocorridas durante todo o ano passado, sendo 1.838 registradas no primeiro semestre de 2015”, ressaltou Edwards.