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Rolling Stones falam a língua dos gaúchos e encerram turnê no Brasil

03/03/2016
Rolling Stones falam a língua dos gaúchos e encerram turnê no Brasil

 

Rolling Stones cantam no Beira-Rio, em Porto Alegre (Foto: Bruno Alencastro/Agência RBS)

Rolling Stones cantam no Beira-Rio, em Porto Alegre (Foto: Bruno Alencastro/Agência RBS)

 

Os Rolling Stones se despediram do Brasil com um show para 48 mil pessoas na noite desta quarta-feira (2) em Porto Alegre. A exemplo dos shows anteriores, no Rio e em São Pualo, Mick Jagger, Keith Richards, Charlie Watts e Ronnie Wood estavam soltinhos no palco montado no estádio Beira-Rio. Os britânicos, que se apresentaram pela primeira vez na capital gaúcha, fizeram um espetáculo inesquecível, que será lembrado por gerações – e não só pela música.

O vocalista mostra uma vitalidade impressionante. O cantor segue sendo um dos melhores frontmans que a música já viu. Mas não foi só a vitalidade do senhor de 72 anos que arrebatou os gaúchos. O carisma de Jagger é inegável. Depois de fazer o público explodir ao abrir o show com os hits “Jumping Jack Flash” e “It’s only Rock’n’Roll”, entre outros sucessos, ele deu uma pausa e falou em bom “gauchês”:

“Olá, Porto Alegre! Tudo bem, gurizada?”, perguntou usando um termo usado em todas as ruas da capital gaúcha.

A saudação ocorreu antes do começo da quinta música, escolhida pelo público, “Let’s spend the night together”. E é inevitável dizer que isso deixou Mick Jagger, Ronnie Wood, Charlie Watts e Keith Richards mais “soltinhos” no palco. “É a primeira vez em Porto Alegre. “Capaz” que já vamos embora do Brasil?”, brincou o vocalista, usando outra expressão tipicamente gaúcha, falada nas ruas, fugindo dos manjados Bah ou Tchê.

Jagger se move de um lado para o outro, dança, rebola, e corre pela passarela que se aproxima da multidão, arrancando gritos da plateia. E tudo isso sem deixar de cantar.

Pai de um menino brasileiro, Lucas, de 16 anos, Jagger arranha bem o português. E sabe que o esforço em pronunciar algumas palavras no idioma local agrada o público. Foi exatamente o que ele fez.

Algumas músicas mais para frente, Mick Jagger volta a se referir ao estado. Disse que “ouviu um

monte de coisas impronunciáveis” em Porto Alegre, ou seja, expressões diferentes, sem um sentido exato, estranhas ao ouvido do cantor. O público riu e bateu palmas. Logo após, o vocalista gritou “gaucho” (isso, sem o acento). E os fãs passaram a falar em uníssono “Ah! Eu sou gaúcho. Ah! Eu sou gaúcho”, em correção, em tom de brincadeira. Mais pareceu dia de Gre-Nal no Beira-Rio.

Além disso, Jagger se comporta como verdadeiro astro. Chamou atenção pelo traje impecável. O figurino inclui um paletó brilhante em azul, preto e branco, curiosamente as cores do Grêmio, rival do Inter que cedeu o estádio para o espetáculo. Outro destaque é a capa cheia de plumas vermelhas que ele usa para cantar “Sympathy for the Devil”.

Os companheiros de banda também não ficam atrás: Richards dedica-se à guitarra enquanto fuma um cigarro. Wood é outro, que saltita e interage com Jagger. Watts é mais discreto, na bateria, mas nem por isso menos importante.

Pontualidade (quase) britânica e sequência de hits
O show teve 18 músicas, e durou pouco mais de duas horas. Às 21h02, dois minutos depois do horário previsto, as luzes do Beira-Rio se apagaram. Os gritos ecoaram e a bandeira do Brasil apareceu nos telões. Era a vinheta da turnê, seguida pelo hit de “Jumping Jack Flash”, a primeira do setlist.

O palco que recebeu os Stones é grandioso. A estrutura de 20 metros de altura, o equivalente a um prédio de sete andares, e 60 metros de comprimento, garantiu boa visibilidade ao público que fica mais atrás. Ao redor, telões de LED de 208 metros quadrados também foram instalados.

Já no bis, “You Can’t Always Get What You Want” recebeu a participação de 24 integrantes do Coral da PUCRS. Sob a regência do maestro Marcio Buzatto, eles cantaram o coro da introdução, acompanhado pelas 48 mil vozes do estádio. Por fim, “(I Can’t Get No) Satisfaction” encerrou o espetáculo, deixando todos no Beira-Rio de língua de fora.

Turnê termina no México
Foram duas semanas de Stones no Brasil. A turnê “Olé” na América Latina começou em Santiago, no Chile, no dia 3 de fevereiro. A banda ainda visitou Buenos Aires, onde presenteou os argentinos com três shows, e Montevidéu, no Uruguai, antes de chegar ao país.

Depois de Porto Alegre, a turnê latina dos Stones segue para Lima, Bogotá e termina no dia 14 de março, na Cidade do México.