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Para que o fracasso não suba à cabeça

É salutar que, quando o assunto é educação, procuremos garantir que todos, como nos lembra Fernando Sabino, iniciem sua jornada do mesmo ponto de partida. No entanto, querer que todos obtenham os mesmos resultados no ponto de chegada, além de ser uma impossibilidade, é uma crueldade.
Essa observação, à moda mineira, feita pelo referido escritor, segue o mesmo caminho apontado pela professora Inger Enkvist, que nos lembra que é extremamente temerário um sistema educacional que exige muito pouco — ou que exige praticamente nada — dos estudantes em seus anos de formação.
No caso brasileiro, é um pouco pior, porque, além de pouco exigir dos jovens, ainda quer, a todo custo, incutir em suas cabecinhas que eles são protagonistas da construção do seu próprio conhecimento.
Não são poucas as autoridades políticas e acadêmicas que dizem aos quatro ventos que as aulas devem ser mais “interessantes”, “diferenciadas”, etc., para atrair os alunos, que devemos investir mais em “metodologias ativas”, plataformas digitais, motivação e tutti quanti para que os infantes se interessem pelo conhecimento.
À primeira vista, tudo parece muito bonito. No entanto, se olharmos um pouco mais de perto, veremos que toda essa "boniteza" é ordinária, pois confunde, de forma vexaminosa, os meios para ensinar com os fins da educação, desdenhando por completo os princípios que estão guiando essa longa marcha para o brejo.
Ora, subjacente a todas as falas que dizem respeito a essa vereda, percebe-se claramente a presença de um forte hálito hedonista, onde apenas tem valor no ato de aprender aquilo que, em um momento imediato, provoca uma sensação de prazer, excluindo do cálculo educacional todos os dissabores que o aprendizado, na maioria dos casos, provoca inicialmente.
Não é à toa, nem por acaso, que muitíssimos alunos se frustram com facilidade. Os abençoados estão sendo apenas orientados para a satisfação imediata e irrefletida, porque não estão sendo educados para o fracasso.
Isso mesmo! É de fundamental importância que eduquemos nossos alunos para o fracasso, para que eles aprendam com as agruras, para que compreendam que as derrotas fazem parte do aprendizado. Privar as tenras gerações disso é uma tremenda crueldade.
Mas, ao que parece, o fracasso subiu à cabeça de doutos, burocratas e políticos, que não querem reconhecer essa obviedade ululante que há décadas vem arruinando nosso sistema educacional.
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