A influenciadora digital Júlia Pimentel, de 16 anos, viralizou nas redes sociais após compartilhar a redação que escreveu em um vestibular on-line da Idomed (Instituto de Educação Médica), no qual foi aprovada para o curso de Medicina. Com mais de 3 milhões de seguidores no TikTok, a jovem chamou atenção por adotar a 1ª pessoa do singular em sua dissertação, o que gerou debates sobre a validade da técnica em processos seletivos.

O tema da redação foi: “Qual marca da sua personalidade ninguém roubará de você? Por quê?”. Júlia escolheu a “determinação” como característica central e desenvolveu sua argumentação em torno disso. Nas redes, a estudante recebeu comentários irônicos, com usuários afirmando que o texto parecia um “querido diário”. A repercussão levantou questionamentos sobre se o gênero dissertativo permitiria ou não o uso da 1ª pessoa.

Professores de língua portuguesa consultados pelo g1 afirmaram que, nesse caso, a proposta do vestibular exigia subjetividade e que o uso da 1ª pessoa era adequado. Eles ponderaram, porém, que a banca poderia ter classificado o gênero como carta de apresentação, e não como dissertação argumentativa.

Além do debate sobre a redação, críticos também apontaram a simplicidade do tema e a baixa concorrência da instituição privada em comparação a vestibulares de universidades públicas, como Unicamp e USP. Júlia, por sua vez, destacou que estava preparada para qualquer formato de prova e comemorou a aprovação.

Nota da Idomed sobre o processo seletivo:

“A redação é elaborada com o objetivo de avaliar a capacidade de interpretação, argumentação, pensamento crítico e clareza de expressão do candidato.

Um tema mais acessível permite que todos os candidatos tenham condições iguais de desenvolver ideias, e o diferencial aparece na profundidade da análise, na organização da argumentação e na qualidade da escrita.

Dessa forma, o vestibular evita privilegiar quem tem repertórios muito específicos e procura verificar habilidades essenciais para a vida acadêmica e profissional, como raciocínio lógico, empatia, ética e clareza de comunicação.”