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Primeiro túnel imerso do Brasil: tecnologia inédita deve sair do papel após 1 século na Baixada Santista

Por Sputinik Brasil 05/09/2025
Primeiro túnel imerso do Brasil: tecnologia inédita deve sair do papel após 1 século na Baixada Santista
Foto: © Foto / Divulgação / Casa Civil

Com 1,5 km de extensão e 870 metros de comprimento submersos sob o canal portuário, o Túnel Santos–Guarujá, tem leilão para sua construção marcado para esta sexta-feira (5) e promete reduzir as distâncias da Baixada Santista e melhorar mobilidade no litoral paulista.

O tempo de travessia entre Santos e Guarujá atualmente leva em média 18 minutos, de balsa, sem atrasos, e uma hora pela de 40 quilômetros. A previsão é que pelo túnel esse trajeto leve cerca de 2 minutos.

Maior investimento do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC), R$ 6 bilhões, via Orçamento Geral da União (OGU), segundo a Casa Civil, o projeto esperou quase um século para sair do papel. O restante, cerca de R$ 800 milhões, ficará a cargo da iniciativa privada.

O projeto será viabilizado por meio de parceria entre os governos federal e estadual, com participação da iniciativa privada, responsável pela construção, operação e manutenção da estrutura.

Dois grupos estrangeiros apresentaram propostas para participar do leilão, marcado para 16h, na sede da B3, sede da bolsa de valores de São Paulo, e o contrato construção, operação e manutenção do túnel terá duração de 30 anos para.

As empresas que vão participar do leilão são a espanhola Acciona e a portuguesa Mota-Engil. A Acciona é a empresa atualmente responsável pela execução das obras da Linha 6-Laranja do Metrô de São Paulo. A Mota-Engil assinou recentemente um contrato com a Petrobras para execução de serviços dos sistemas submarinos de plataformas offshore.

Além de beneficiar os mais 36 mil usuários que cruzam o canal diariamente, o projeto também deve integra a logística portuária da região, tornando o transporte de cargas mais eficiente e seguro, informou o ministério.

Tecnologia inédita na AL

Diferentes de túneis escavados em rocha, como os de metrô, o modelo túnel imerso é formado por grandes módulos de concreto pré-moldados e cada peça é construída em terra firme, testada e depois transportada por flutuação até o local de instalação, e os módulos encaixados no leito do canal e protegidos por camadas de areia e pedras.

De acordo com o Ministério de Portos e Aeroportos, o solo da região, formado por argilas moles e sedimentos fluviais, não oferece estabilidade para escavações profundas e a construção de uma ponte foi descartada devido às restrições da Base Aérea de Santos e ao intenso tráfego de navios no canal portuário.

O túnel imerso, defendeu a pasta, apresenta ainda vantagens ambientais e urbanas, exigindo menos desapropriações, reduzindo o impacto visual e permitindo uma execução mais rápida e eficiente.

Estão previstas seis faixas de tráfego, ciclovia e passagem para pedestres, além de espaço reservado para o futuro Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). O projeto inclui ainda sistemas de monitoramento em tempo real, controle inteligente de tráfego e mecanismos integrados de segurança .

Um século de espera

Em 1920, surgiu a primeira proposta de uma travessia seca entre Guarujá e Santos por parte de autoridades, de acordo com documentos apurados pelo Ministério de Portos e Aeroportos. Em 1948, engenheiros e autoridades discutiram a possibilidade de uma ponte levadiça, que permitiria o trânsito de veículos e pedestres sem interromper a navegação. A polêmica foi intensa. Para uns, a ponte seria solução moderna, para outros, poderia comprometer o futuro do porto e restringir a entrada de navios cada vez maiores. Embora mais adequado, os custos e a complexidade técnica de um túnel "estavam além das possibilidades da época".

"Nos anos 1960, novos estudos foram encomendados, refletindo o desejo de modernização. Nos anos 1980, governos estaduais e federais voltaram a anunciar planos, mas o contexto de crises econômicas e a falta de recursos públicos frustraram mais uma vez a população", menciona um relatório da pasta.

No ano passado, o governo federal incluiu a obra entre as prioridades do Novo PAC, com orçamento, cronograma e modelo de execução plausíveis e em agosto de 2025, foi lançado o edital para a construção do túnel.