Cidades
Craíbas: mineração avança sobre quase metade do município e moradores cobram explicações
Novas autorizações da Agência Nacional de Mineração (ANM) ampliam pesquisas para cobre, ferro e ouro em Craíbas e região. Enquanto isso, vereadores e Defensoria Pública pressionam a Mineração Vale Verde diante de impactos sociais e ambientais.

O município de Craíbas, no Agreste alagoano, vive um momento decisivo em sua história. Com uma área total de 277,1 km², quase metade desse território – 134 km² – já está liberada pela Agência Nacional de Mineração (ANM) para novas pesquisas em busca de jazidas de cobre, ferro e ouro. O número representa 48,5% da extensão do município e se soma aos 6,69 km² já ocupados pela barragem de rejeitos e pela mina a céu aberto da Mineração Vale Verde (MVV).
A mineradora, adquirida em 2021 pelo grupo britânico Serasa Chispa Ballym Nonferrous Metals, investiu cerca de US$ 420 milhões para implantar sua estrutura em Craíbas, além de projetar até US$ 1,2 bilhão em fases futuras de expansão. Desde então, a MVV opera no Povoado Herreria da Laje com lavra a céu aberto e plantas de processamento de cobre.
Expansão e impactos
As novas áreas liberadas para pesquisa mineral não se restringem apenas a Craíbas: atingem também setores de Palmeira dos Índios, Estrela de Alagoas e Igaci. Para avançar, a empresa deve realizar levantamentos geológicos detalhados, análises de solo e outras etapas técnicas que avaliem o potencial econômico da região.
No entanto, a perspectiva de expansão vem acompanhada de fortes questionamentos. Moradores relatam problemas em imóveis localizados principalmente nos povoados Pau Ferro e Piabas, que estariam sofrendo rachaduras em decorrência das explosões utilizadas na extração mineral.
Câmara e DPU cobram respostas
Na última semana, vereadores de Craíbas aprovaram requerimento exigindo que a direção da MVV apresente, com urgência, um plano de reparação dos danos causados e medidas de reassentamento das famílias atingidas. Até o momento, 14 residências já foram identificadas pela Defesa Civil com comprometimentos estruturais, mas moradores afirmam que o número pode ser maior.
A Defensoria Pública da União (DPU) também acompanha a situação. O órgão requisitou informações à empresa e estuda ingressar com ação judicial junto à Justiça Federal e ao Ministério Público para garantir a reparação dos danos e a proteção das comunidades atingidas.
Debate sobre o futuro
A polêmica sobre a mineração em Craíbas vai além das rachaduras nas casas. Ambientalistas e lideranças comunitárias temem os impactos de longo prazo da atividade em larga escala sobre os recursos hídricos e a sustentabilidade da região.
Vereadores reforçam que o município precisa de um planejamento que vá além dos ganhos econômicos imediatos e que leve em consideração a preservação ambiental e a qualidade de vida da população.
Enquanto a MVV e os órgãos de fiscalização não apresentam soluções definitivas, moradores continuam à espera de respostas e de garantias de que não serão os maiores prejudicados pelo avanço da mineração em Craíbas.
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