Economia
Para MDIC, choque tarifário dos EUA é determinante para movimentos de queda de exportações

O diretor do Departamento de Estatísticas e Estudos de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Herlon Brandão, ponderou que o movimento de queda de 18,5% nas exportações para os Estados Unidos em agosto não é exclusivamente atribuído ao tarifaço que entrou em vigor há cerca de um mês.
"Claro que tem outros movimentos de mercado, de demanda, de atividade econômica, porque esses movimentos de crescimento e queda são causados por muitos fatores", argumentou o diretor.
Ele completou dizendo que "claro" que um choque tarifário como o que tem acontecido é "determinante" para movimentos de queda nas exportações, como no caso das vendas do Brasil aos EUA em agosto. "Muito provavelmente a incerteza que teve em relação à tarifa em julho gerou uma antecipação de embarques, que fez com que (as vendas de) alguns produtos mesmo não tarifados caíssem em agosto, e outros produtos tarifados caíram, muito provavelmente em razão de novas tarifas."
O diretor ainda disse que o aumento de preços de produtos não está ligado a tarifaço, depende da estrutura de mercado. "O que se espera (com o tarifaço) é uma queda de preço, dependendo da estrutura de mercado. Se for um consumidor muito relevante e o exportador queira manter esse mercado, ele pode reduzir um pouco o preço dele para que o seu produto continue competitivo lá", argumentou.
Entre produtos cujas exportações aos EUA subiram em agosto, ele exemplificou o suco de laranja, produto não tarifado. Ao mesmo tempo, ele citou que as exportações de café, que foi tarifado, também aumentaram no mês passado. "Para falar com certeza o que é efeito de tarifa, é preciso tempo", explicou.
Magnitude
Herlon Brandão disse ainda que "é certo" que o comércio do Brasil com os Estados Unidos vai cair em função do tarifaço aplicado pelo país a produtos brasileiros. Ele ponderou que ainda não é possível saber a magnitude dessa queda.
"Aumenta preço com tarifas reduz a demanda, esse é o movimento natural, a não ser que o produto seja muito competitivo ou tenha uma elasticidade de consumo baixa", disse ele. "Temos que observar o movimento de comércio para chegar a um diagnóstico mais claro", completou. Ele sustentou que o movimento das exportações aos EUA nos próximos meses vai depender do comportamento do consumidor e de exceções às tarifas, até porque são exportados aos EUA muitos bens essenciais.
Brandão também disse que não há como aferir quais países estão absorvendo os produtos que eram direcionados aos EUA.
Produtos em queda
No mês passado, na comparação com agosto de 2024, houve queda nas exportações para os EUA dos seguintes produtos: aeronaves e partes de aeronaves (-84,9%); produtos semi acabados de ferro e aço (-23,4%); óleos combustíveis (-37%); açúcar (-88,4%); minério de ferro (-100%, ou seja, não foram exportados); máquinas de energia elétrica (-45,6%); carne bovina fresca (-46,2%); motores e máquinas não elétricos (-60,9%); celulose (-22,7%); e madeira parcialmente trabalhada (-39,9%).
"Alguns produtos caíram mesmo não estando sujeitos às tarifas. Eu atribuo isso muito à antecipação que ocorreu em julho", argumentou Brandão. É o caso de aeronaves, óleos combustíveis, minério de ferro e celulose, que não estão sujeitos à majoração de tarifas mais recente dos EUA.
Em julho, houve crescimento de 7,0% das exportações aos EUA. Já em agosto, houve queda de 18,5%. "Isso permite essa leitura de que houve uma antecipação em julho", disse o diretor.
No caso do aço semiacabado, que teve queda no mês passado, houve relação direta com o aumento da tarifa de exportação, que começou em março deste ano. "Está relacionado, sim, a uma tarifa maior. É esperado que isso aconteça (a queda nas vendas)".
Brandão também disse que "é muito provável" que as quedas das vendas de açúcar, máquinas e carne bovina estejam relacionadas às tarifas, que elevam os preços e reduzem a demanda.
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