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Oposição reage à iniciativa do governo em regular big techs usando 'adultização': 'Absurdo'

13/08/2025
Oposição reage à iniciativa do governo em regular big techs usando 'adultização': 'Absurdo'
Foto: Divulgação

A oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva vê com ressalvas o esforço do governo e da Câmara dos Deputados em votar pautas que visam regular plataformas como resposta ao vídeo do youtuber Felca, que fala sobre a adultização de crianças e adolescentes.

Reações de governo e oposição mostram que, diferente do que pediu o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), essa pauta deverá ser politizada e passará por uma discussão ideológica.

O Estadão apurou que o governo mudou a estratégia e pretende usar o gancho deixado pelo vídeo do youtuber Felca para destravar a regulação das plataformas digitais, emperrada desde 2023.

Para a oposição, Lula está usando uma janela de oportunidade para voltar com um projeto de lei próprio de combate às fake news e fomentar censura na internet.

"Eles estão usando isso como uma janela de oportunidade e isso é um absurdo", disse Nikolas Ferreira (PL-MG) ao Estadão. "Não se não utiliza de uma pauta tão cara e preciosa que é a proteção de criança adolescente para poder fomentar a censura."

Segundo Hugo Motta, a ideia é que a Câmara forme um grupo de trabalho ainda nesta semana para apresentar para votação "o mais avançado e efetivo projeto de lei para proteger nossas crianças em até 30 dias". Esse grupo teria a participação de deputados e de uma comissão de "notáveis". Entre os nomes do grupo estão o do ex-deputado federal Gabriel Chalita e de Luciana Temer, presidente do Instituto Liberta - focado na questão do combate à exploração sexual de crianças e adolescentes - e filha do ex-presidente Michel Temer.

Para o líder da oposição, Zucco (PL-RS), a oposição pode apoiar alguma proposta que venha do governo, mas que eles estão atentos a propostas que possam violar a liberdade de expressão. "A ideia desse grupo de trabalho é de dar uma olhadinha (no que está vindo), não estou dizendo que a gente não possa aproveitar de alguma ideia que venha de outro lado. Só que eles estão usando narrativa", afirma.

A proposta que tem a preferência de líderes é um projeto de lei de autoria do senador Alessandro Vieira (MDB-SE), já aprovada na outra Casa, que estabelece mecanismos para o combate de conteúdos de exploração sexual de crianças e adolescentes em ambiente digital, também cria regulações para o uso de redes sociais e jogos online para crianças e adolescentes.

Nikolas é crítico desse texto. O principal ponto de divergência dele é em relação a como plataformas lidariam com denúncias. No texto que veio do Senado, as empresas têm como dever proceder à retirada de conteúdo que viola direitos de crianças e adolescentes "assim que forem comunicados do caráter ofensivo da publicação, independente de ordem judicial".

"O texto em específico acaba dando margem para que ocorra, por exemplo, denúncias de forma arbitrária e de forma sem que tenha um controle", disse o parlamentar. Segundo Nikolas. ele foi procurado por Vieira para discutir o projeto e deverá se reunir com o senador para conversar.

O relator do projeto de lei na Câmara, deputado Jadyel Alencar (Republicanos-PI) retirou trechos que poderiam ser interpretados como censura para conquistar o apoio da oposição, mas manteve o trecho sobre a denúncia.

Jadyel conversou com o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), com o primeiro-vice-presidente da Casa, Altineu Côrtes (PL-RJ), e Nikolas para convencê-los da proposta. Ele ouviu dos três que o PL pretende ainda analisar com calma o projeto.

Nas redes, outros bolsonaristas criticam no que veem de uma articulação governista para avançar com a "censura com verniz de proteção", palavras do deputado federal Mário Frias (PL-SP).

No momento, a estratégia do PL consiste em criticar parlamentares de esquerda que foram contra projetos que tramitaram na Câmara com a finalidade de endurecer a pena para pedófilos. A principal delas, levantada pelo PL nas redes, foi o projeto de castração química para pedófilos.