Internacional
EUA veem suposta piora de direitos humanos na Europa e melhora em El Salvador

O Departamento de Estado do governo americano publicou nesta terça-feira, 12, o relatório anual sobre direitos humanos no mundo. Ajustado às prioridades de política externa do presidente Donald Trump, o texto exalta governos aliados, mesmo quando há restrições de liberdades individuais, como é o caso da administração de Nayib Bukele, em El Salvador, e critica Estados europeus que mantêm distância da atual linha populista do Partido Republicano. O Brasil foi criticado por conta do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, réu por golpe de Estado no STF.
Na América Latina, Washington também criticou regimes de esquerda como Venezuela e Nicarágua, onde diz que a situação dos direitos humanos "piorou" no ano passado. Não vê "mudanças significativas" em Cuba, outro país latino-americano muito criticado pelo chefe da diplomacia Marco Rubio.
Ainda na linha de críticas a quem não se alinha à visão do movimento MAGA, também se saíram mal alguns dos aliados europeus dos Estados Unidos, como Reino Unido, Alemanha e França, onde o relatório considerou que a situação de direitos humanos se deteriorou, principalmente no que diz respeito à liberdade de expressão.
Não é a primeira vez que a administração Trump denuncia uma suposta censura na Europa. O vice-presidente JD Vance deixou os alemães e os europeus em geral atônitos com um discurso pronunciado em Munique em fevereiro, no qual afirmou que a liberdade de expressão está "retrocedendo" na Europa, em especial na Alemanha, ao defender o partido de extrema direita Alternativa para Alemanha.
Por outro lado, Trump vê com bons olhos a gestão do presidente salvadorenho Nayib Bukele, um grande aliado do republicano em sua luta contra a imigração ilegal, que se dispôs a encarcerar imigrantes deportados pelos Estados Unidos em troca de dinheiro. "Não houve relatos confiáveis de abusos significativos de direitos humanos" no país, afirma o Departamento de Estado.
Este panorama apologético contrasta com as denúncias das ONGs e dos imigrantes detidos no Centro de Confinamento do Terrorismo (Cecot) de El Salvador, para onde Trump deportou em março mais de 250 venezuelanos acusados de pertencerem à gangue Tren de Aragua.
No mês passado, o país autorizou Bukele a disputar a reeleição de maneira indefinida - mesmo mecanismo adotado por ditaduras de esquerda na Venezuela e na Nicarágua e criticados por Washington.
Grupos de direitos humanos criticaram as mudanças de foco e as omissões de certas categorias de discriminação e potenciais abusos.
Os novos relatórios "revelam um esforço perturbador do governo Trump para propositalmente não captar completamente os crescentes e alarmantes ataques aos direitos humanos em certos países ao redor do mundo", afirmou a Anistia Internacional em um comunicado. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
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