Alagoas

Com incentivo do Governo de Alagoas, João Victor Regis lança livro infantil sobre identidade e cultura popular

Daniel Borges/Ascom Secult 13/08/2025
Com incentivo do Governo de Alagoas, João Victor Regis lança livro infantil sobre identidade e cultura popular
João Victor Regis é escritor, ator, advogado com atuação voltada aos Direitos Humanos - Foto: Divulgação



O escritor alagoano João Victor Regis lança no próximo domingo (17), às 16h, no Centro de Tecnologia e Inovação do Jaraguá, o livro O Chapéu de Alecrim. A obra, voltada para todos os públicos, é realizada com recurso da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB), do Governo Federal, por meio do Ministério de Cultura, operacionalizado pelo Governo de Alagoas, através da Secretaria de Estado da Cultura e Economia Criativa de Alagoas (Secult).


Na história, Alecrim está animado para participar do auto do Guerreiro na escola, mas se depara com a dúvida se seu cabelo cacheado, redondo e volumoso caberá no figurino. Com leveza e sensibilidade, temas como racismo, autoestima e pertencimento são tratados de forma acessível para crianças, valorizando a identidade negra em meio às cores, bordados e batuques do folguedo alagoano.

 

Segundo João Victor Regis, a ideia de O Chapéu de Alecrim nasceu do desejo profundo de contar uma história que celebrasse a identidade racial de forma positiva e afetuosa, especialmente para as crianças pretas e pardas.

 

“Como escritor, percebo diariamente a importância da representatividade desde a infância. Eu fui uma criança e um adolescente negro, com cabelo crespo, grande e redondo, e vivi, na pele e no couro cabeludo, situações que me marcaram profundamente”, disse.

 

“Uma delas foi quando, no início da vida adulta, fui interpretar o personagem Mateu do Guerreiro Alagoano. Estava radiante com a oportunidade, mas, ao experimentar o chapéu da indumentária, ele simplesmente não coube na minha cabeça. Foi um momento desconcertante. No entanto, a equipe de produção, com extrema sensibilidade e respeito, adaptou o adereço ao meu cabelo, sem me encolher, sem me padronizar. E ali nasceu um gesto de afeto e de reconhecimento da minha singularidade”, explica.

 

“A partir dessa lembrança, entendi que o chapéu podia ser muito mais que uma peça de figurino: ele passou a simbolizar memória, raiz, orgulho, carregando histórias, cheiros, vozes, cores, como os nossos avós carregavam seus saberes nas roupas, nos gestos, nas danças. E o nome “Alecrim” não está ali por acaso: remete à ancestralidade, à força do campo, ao sagrado da natureza e aos folguedos da nossa terra, especialmente o Guerreiro, que pulsa no coração cultural de Alagoas. Essa vivência, misturada à vontade de oferecer às novas gerações uma narrativa que reafirme sua beleza e potência, fez nascer O Chapéu de Alecrim”, reforçou.

 

Segundo João, a obra é uma leitura sensível, poética e profundamente conectada com nossas raízes. “É um livro que mistura infância, cultura popular e resistência de forma leve, lúdica e simbólica. Traz o Guerreiro como uma força viva e educativa, e propõe às crianças o orgulho de serem quem são, com seus cabelos crespos, seus traços, suas vozes e seus passos”, finalizou.

 

A secretária de Estado da Cultura e Economia Criativa, Mellina Freitas, destacou o trabalho do escritor na literatura infantil “O Chapéu de Alecrim mostra que nossas crianças têm o direito de se ver e se reconhecer nas histórias que leem, fortalecendo o orgulho e o pertencimento à cultura alagoana”, falou.

 

O evento contará com apresentações culturais do Coretfal, de Cacá e Carmô Regis e do Grupo de Teatro Sementes do Vale. A entrada é gratuita e aberta a todos os públicos.

Sobre o escritor

 

João Victor Regis é escritor, ator, advogado com atuação voltada aos Direitos Humanos e professor voluntário de teatro no Centro de Voluntariado Sementes do Vale, no Vale do Reginaldo. Natural de Alagoas, publicou seu primeiro livro infantil aos 12 anos, e desde então mantém uma produção literária marcada pelo compromisso com a educação, a cultura e a transformação social.

 

Em suas obras, carrega as marcas de sua terra natal, o sotaque das ruas, o brilho dos folguedos, a sabedoria popular e a resistência cotidiana do povo alagoano. É autor de Voe com responsabilidade (2010), A coroa do pequeno imperador (2013), Onde está a outra parte da lua?! (2015), Bumbá: o boizinho que adorava dançar (2025) e O Chapéu de Alecrim (2025).