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Justiça italiana mantém prisão de Carla Zambelli após audiência de custódia

Roma / Brasília, 1º de agosto de 2025 – Em audiência de custódia realizada hoje (1º) em Roma, a Justiça italiana decidiu manter a deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL‑SP) detida na penitenciária feminina de Rebibbia, enquanto avança o processo de extradição solicitado pelo Brasil.
A prisão e o histórico do caso
Zambelli foi presa em 29 de julho em um apartamento na zona oeste de Roma, após ter sido denunciada pelo deputado italiano Angelo Bonelli às autoridades locais. A prisão ocorreu sem resistência, enquanto ela estava acompanhada do pai.
A captura foi motivada por uma condenação transitada em julgado no Brasil: 10 anos de prisão por falsidade ideológica, invasão de sistemas digitais do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e inserção de dados falsos, em conjunto com o hacker Walter Delgatti Neto.
A parlamentar estava foragida desde 5 de junho, incluída na difusão vermelha da Interpol, após deixar o país usando sua cidadania italiana para tentar evitar cumprimento da pena.
Audência de custódia e decisão italiana
Durante a audiência, a Quarta Seção do Tribunal de Apelação de Roma avaliou os argumentos da defesa, que solicitava liberdade provisória ou prisão domiciliar, incluindo pedido de asilo político. Mesmo assim, o juiz Aldo Morgigni considerou justificável manter Zambelli detida por enquanto, pelo menos até uma nova audiência ser marcada.
Sua defesa informou que recorrerá imediatamente da decisão.
Como funciona o processo de extradição
O processo agora segue para análise da Corte de Apelação de Roma, com manifestação da defesa, do Ministério Público italiano e eventual recurso à Corte de Cassação, máxima instância judiciária do país.
Mesmo com parecer favorável, o governo italiano, alinhado ideologicamente à faixa política de Zambelli, ainda pode recusar a extradição com base na dupla cidadania da deputada — caso por tratativa facultativa prevista no tratado bilateral com o Brasil desde 1993.
Se negar a extradição, a Itália poderá instaurar processo penal local. Se aceitar, Zambelli ainda poderá recorrer a instâncias administrativas como o Tribunal.
Administrativo Regional do Lácio e o Conselho de Estado
Estimativas apontam que o trâmite pode durar até dois anos, embora pressões diplomáticas e justificativas humanitárias possam influenciar o ritmo do caso.
Consequências políticas no Brasil
No Brasil, o STF decretou a prisão definitiva de Zambelli no início de junho após rejeitar todos os recursos apresentados pela defesa, bloqueio de seus bens e suspensão do mandato — que ainda depende de votação no plenário da Câmara.
O PL (Partido Liberal) acompanha o caso atentamente. Lideranças governistas e de oposição fizeram manifestações: alguns celebraram a prisão como vitória da democracia; outros defendem perseguição judicial e afirmam que Zambelli foi presa por motivos políticos.
A defesa mantém que Zambelli se apresentou espontaneamente na Itália, contestando relatos de prisão forçada, e informou ter pedido asilo político ao governo italiano.
O veredito ainda pode demorar semanas, meses ou até mais de um ano. Até lá, Carla Zambelli permanece detida no presídio de Rebibbia, em Roma, aguardando os desdobramentos judiciais e diplomáticos do caso.
Conclusão
A manutenção da prisão após a audiência de custódia marca um novo capítulo no embate entre o sistema judiciário brasileiro e europeu, envolvendo temas como dupla cidadania, extradição facultativa, precedentes jurídicos e divisões políticas. O desenlace deste caso poderá impactar não somente a carreira de Zambelli, mas também o debate sobre imunidade parlamentar e cooperação internacional em casos de crimes digitais.
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