Cidades
Indígenas da Aldeia Fazenda Canto protestam contra prefeita Luísa Duarte e ocupam Prefeitura de Palmeira dos Índios
Moradores exigem calçamento e drenagem de acesso à comunidade; prefeita se declara indígena, mas ignora reivindicações, dizem líderes

Palmeira dos Índios (AL) – Um grupo de indígenas da Aldeia Fazenda Canto, da Terra Xukuru-Kariri, realizou na manhã desta terça-feira (16) um protesto em frente ao Museu Xucurus e, em seguida, ocupou a sede da Prefeitura de Palmeira dos Índios. O ato cobra resposta da prefeita Luísa Júlia Duarte a uma solicitação formal feita pela comunidade em julho deste ano, que pede o calçamento em paralelepípedo e drenagem da ladeira de acesso à aldeia, localizada na zona rural do município.
O protesto foi acompanhado por carros de som e registrado em vídeos que circulam nas redes sociais. O movimento pacífico foi descrito pelos organizadores como um ato de resistência e denúncia contra o descaso da gestão municipal, que — segundo os moradores — tem ignorado pedidos recorrentes da comunidade indígena.
A prefeita Luísa Duarte, que se apresenta publicamente como indígena, não respondeu ao ofício protocolado pela comunidade, assinado por dezenas de lideranças da Fazenda Canto. O documento aponta problemas sérios de mobilidade, especialmente no período chuvoso, quando a estrada se torna intransitável.
Situação crítica afeta crianças, produção agrícola e direito de ir e vir
De acordo com o ofício nº 001/2025, a ladeira de acesso à aldeia sofre com erosões, falta de pavimentação e ausência total de drenagem, o que tem causado prejuízos sérios à vida dos moradores.
Entre os principais problemas relatados estão:
Transporte escolar comprometido: alunos caminham a pé até o ponto mais próximo da estrada asfaltada, já que os ônibus não conseguem cumprir o trajeto.
Dificuldade de escoamento da produção agrícola: os indígenas, reconhecidos pela agricultura familiar, enfrentam barreiras para transportar produtos às feiras livres da cidade e região.
Prejuízos a tratamentos médicos: moradores com consultas regulares ou em tratamento contínuo têm perdido atendimentos por falta de acesso.
Violação ao direito de ir e vir: veículos atolam ou são danificados no trajeto, comprometendo a mobilidade da comunidade como um todo.
Os manifestantes ressaltaram que a obra é viável e citam como exemplo a pavimentação feita pela prefeitura em outras ladeiras da região, como as da Tabacaria e da Serra do Candará, ambas também localizadas em território Xukuru-Kariri.
“A prefeita fala que é indígena, mas nos ignora. Nós protocolamos, conversamos, esperamos. Agora viemos cobrar com nossa presença”, afirmou uma das lideranças durante o ato.
A equipe de reportagem tentou contato com a assessoria da prefeita Luísa Duarte, mas não obteve resposta até o fechamento da matéria.
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