Cidades
Pressão da Tribuna do Sertão acelera nomeação e ex-assessor assume Secretaria de Governo e confirma mando remoto do ex-imperador via WhatsApp

Bastou a Tribuna do Sertão questionar publicamente quem assumiria a Secretaria de Governo de Palmeira dos Índios, após a saída do ex-prefeito Júlio Cezar, para a Prefeitura correr e anunciar o substituto. A nomeação veio nesta quarta-feira (30), apenas dois dias após Júlio tomar posse como secretário de Estado de Relações Federativas e Internacionais de Alagoas, em Maceió.
Contrariando as apostas de bastidores — que especulavam a ex-primeira-dama, o sogro do ex-prefeito ou até mesmo o filho da atual prefeita —, a prefeita Luísa Júlia, a popular “Tia Júlia”, surpreendeu e oficializou a nomeação do advogado Pablo Forllan para o cargo.
Forllan não é estranho à engrenagem do grupo que comanda a política local. Pelo contrário: durante oito anos, atuou diretamente com Júlio Cezar na assessoria jurídica da prefeitura e foi mantido no cargo no início da gestão de Tia Júlia. Agora, ganha a Secretaria de Governo — pasta criada sob medida para manter o ex-prefeito no comando após o fim de seu mandato.
Em nota oficial, a prefeita justificou a escolha destacando “qualidade técnica, lealdade e responsabilidade” do novo secretário. “Ele sempre foi muito elogiado pelo Júlio Cezar como um talento e nós o observamos ao longo desses tempos. Ele entra para o time de secretários municipais por mérito e merecimento”, afirmou.
Mas, para muitos palmeirenses, a nomeação tem outro significado: a confirmação de que Júlio Cezar continuará governando à distância, por meio de seu ex-assessor e de mensagens no WhatsApp. A sensação de que a prefeita é apenas uma figura decorativa — chamada nas ruas por alguns de “laranja” — ganha novos contornos com o que muitos consideram uma "sucessão simbólica", em que o mando real não sai das mãos do ex-imperador.
A Secretaria de Governo, é bom lembrar, foi uma criação sob medida para abrigar Júlio Cezar após deixar a cadeira de prefeito. Com a saída dele para um cargo de pouca expressão no Estado, esperava-se alguma independência da nova gestão. No entanto, a nomeação de um fiel escudeiro, treinado por anos nos bastidores do poder, indica o contrário.
Nas ruas, o sentimento de frustração e incredulidade cresce. A população, que já questionava a legitimidade de um governo conduzido sob tutela, agora se vê diante de uma gestão comandada à distância, por um “governo digital” que funciona por aplicativos de mensagens.
Palmeira dos Índios entra, enfim, para o grupo das cidades onde o poder político é exercido por procuração — e agora, por conexão Wi-Fi.
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