A política em Palmeira dos Índios anda mais quente do que nunca. No último dia 16 de janeiro, durante uma reunião da FETAG no Sindicato dos Trabalhadores Rurais, a prefeita Luísa Duarte (MDB) mandou um recado nada amigável aos vereadores, em tom de ameaça, logo após nomear o ex-prefeito e ex-imperador Julio Cezar ao cargo de Secretário de Governo, pasta criada especialmente para ele com atribuições que não estavam previstas no ordenamento do município. Mas os parlamentares não ficaram calados e responderam em tom mais ameno, apresentando pedidos de prestação de contas da gestão do ex-prefeito Júlio César, que, como todo mundo sabe, é sobrinho da prefeita e ainda tem as rédeas do município na mão.

No dia 5 de fevereiro, na abertura dos trabalhos da Câmara, Luísa mudou o discurso e tentou posar de pacificadora, como quem quer acalmar os ânimos. Só que, no dia seguinte, escancarou de vez sua postura autoritária: sem nem passar pela Câmara, resolveu criar mais uma secretaria a de Segurança Pública, divulgada no Diário Oficial. A jogada foi tão descarada que virou motivo de piada na cidade.

Criação de Secretarias na Marra

No Diário Oficial, a prefeita trocou o nome da Secretaria de Serviços Públicos para Secretaria de Governo. Até aí, parece só uma questão de nome, mas na prática, esse novo cargo foi um presente para Júlio César, que, apesar de impedido pela legislação de continuar na prefeitura, agora tem um novo posto para continuar mandando e desmandando.
E não parou por aí. Luísa também rebatizou a Secretaria de Defesa, transformando-a em Secretaria de Segurança Pública. Tudo isso sem consultar os vereadores, como se o Legislativo não tivesse função nenhuma na cidade.

Vereadores fazem vista grossa

Se Palmeira dos Índios tivesse um Legislativo mais firme, já teriam barrado essa escalada de poder de Luísa e Júlio César. Mas, pelo jeito, os vereadores preferem esperar as "benesses" do Executivo, ficando de braços cruzados enquanto a prefeita faz o que bem entende.
A verdade é que, legalmente, a criação e modificação de secretarias (com novas atribuições) precisam passar pela aprovação da Câmara. A Constituição deixa claro que mudanças na estrutura da administração municipal precisam do aval dos vereadores. Mas quando o Legislativo se cala, o Executivo se aproveita.

E agora?

O povo de Palmeira dos Índios assiste a mais esse episódio de desrespeito às leis e ao Legislativo. Enquanto isso, a cidade fica refém dos interesses políticos de um grupo que, ao que tudo indica, não quer largar o osso tão cedo.
A pergunta que fica é: até quando os vereadores vão aceitar serem feitos de bobos? Ou será que vão continuar esperando mais tempo por cargos e favores do Executivo antes de realmente exercerem suas funções e tomarem uma atitude?