Economia
Taxas acompanham baixa dos Treasuries e deixam de lado piora da Focus
A queda no rendimento dos Treasuries e no dólar apoiou uma correção nos juros futuros brasileiros de médio e longo prazo nesta segunda-feira, às vésperas da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). A ponta curta, contudo, sentiu pressão da piora nas expectativas inflacionárias do boletim Focus e fechou perto dos ajustes. A curva precifica uma Selic terminal a 16,25% em dezembro de 2025.
A taxa de depósito interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 fechou em 15,135%, de 15,145% no ajuste anterior. O DI para janeiro de 2027 caiu para 15,335%, de 15,392%, e o para 2029 recuou para 15,075%, de 15,181% no ajuste de sexta-feira.
"Lá fora nos Estados Unidos as taxas estão caindo bem, ajudando aqui", afirma o economista-chefe do Banco Bmg, Flavio Serrano.
A pressão sobre os rendimentos dos Treasuries nesta segunda-feira ocorre por conta de uma ambiente de aversão a risco, após a rápida ascensão do chatbot R1, da startup chinesa DeepSeek, desencadear um selloff de ações de tecnologia sob temores de que os EUA e pares ocidentais possam perder a liderança em inteligência artificial.
Serrano aponta que um dos riscos que podem estar sendo precificados hoje é a de uma possível desaceleração econômica dos EUA, que desencadearia uma desaceleração econômica global e abriria espaço para queda nos juros no longo prazo - o que justificaria as taxas mais longas em queda mais firme.
O mercado monitorou ainda a pesquisa da Genial/Quaest que indicou perda de força do presidente Lula aos eleitores que deram a ele a vitória na última disputa presidencial. Para o economista-chefe da Nova Futura, Nicolas Borsoi, a pesquisa também influenciou o comportamento dos juros, visto que "a queda da popularidade de Lula reduz as chances de ele se reeleger em 2026 e, por uma questão probabilística, o mercado vai antecipar a possibilidade de um candidato mais responsável fiscalmente".
Assim como no final da manhã, os juros futuros curtos se acomodaram perto da estabilidade, pressionados pelo boletim Focus, que trouxe uma deterioração acentuada das expectativas de inflação.
A mediana da projeção suavizada do IPCA 12 meses à frente disparou de 5,13% para 5,64%. Um mês antes, era de 4,94%. Já a mediana de IPCA de 2025 passou de 5,08% para 5,50%, acima do teto da meta, e para 2026, subiu de 4,10% para 4,22%.
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