Já são 21 anos desde que Nicola Siri interpretou o Padre Pedro (ou Padre Gato, para os mais íntimos) na clássica novela “Mulheres apaixonadas” (2003), de Manoel Carlos, dando início a uma trajetória de muitos trabalhos no Brasil. O ator italiano, de mãe brasileira, participou de novelas como "Belíssima" (2006) e "Totalmente demais" (2016), séries como “Magnífica 70” (2018) e filmes como “Nosso lar” (2010) e “Meu país” (2011). Agora, volta aos cinemas com “Estômago 2: o poderoso chef”, de Marcos Jorge, continuação do cultuado “Estômago” (2007).

— Adoro o Brasil tanto que decidi morar aqui, no Rio. Quando fui convidado para viver o Padre Pedro de "Mulheres apaixonadas", eu fiz as malas para ficar um ano. Vim ficar um ano e não voltei — conta Siri em entrevista ao GLOBO no Festival de Cinema de Gramado, onde apresenta o longa. — Na Itália, eu era um ator de teatro. No Brasil, cheguei num momento de muito investimento no audiovisual. Fazer novela das 21h era algo grandioso, quase Hollywood, e todo mundo assistia. Tive a oportunidade de mostrar o meu trabalho ao Brasil inteiro, para todas as classes sociais. Já tinha o amor pelo Brasil por causa da minha mãe, mas o trabalho na novela me abriu muitas portas.

Siri considera o trabalho em “Estômago 2” como o “papel de sua vida”. No filme, ele interpreta Dom Caroglio, um mafioso italiano que chega ao presídio onde se encontra Raimundo Nonato, interpretado mais uma vez por João Miguel. O novo presidiário abala as estruturas de poder do local e desperta a atenção especial do chef de cozinha.

Marcos Jorge lembra que Siri não era sua escolha inicial, mas se “deu por vencido” diante da insistência do ator, que pediu a chance de fazer um teste. Inicialmente, influenciado pela visão tradicional de mafiosos no cinema, desejava um intérprete menos glamuroso. Agora, comemora ter mudado de ideia.

— Aconteceu algo parecido no primeiro “Estômago”. O filme foi escrito para Matheus Nachtergaele, que iria fazer, estava tudo certo. Pouco antes das filmagens, ele acabou precisando deixar a produção e o João Miguel entrou. Foi algo do destino, é impossível pensar em outra pessoa como Raimundo Nonato — conta Jorge em debate realizado na manhã desta segunda-feira (12). — O diretor tem sempre que estar aberto a mudanças.

Um dos filmes mais aguardados da edição 2024 do Festival de Gramado, “Estômago 2: o poderoso chef” contou com sua première de gala na noite deste domingo (11). A sessão contou com a presença do diretor Marcos Jorge e dos atores Nicola Siri e Projota, e da produtora Cláudia da Natividade, dentre outros nomes do elenco e da equipe.

Coprodução entre Brasil e Itália, com filmagens nos dois países e falado em português e italiano, o longa busca repetir o sucesso do primeiro filme, que se tornou um cult do cinema nacional através do boca a boca e do bom desempenho no streaming, anos após o lançamento comercial.

— Não queria refazer o primeiro filme, nem competir com ele. Quis levar o conceito do primeiro filme, de poder e culinária, para um outro lugar. É difícil fazer um “dois” que não seja uma cópia do “um”, então embarquei para uma outra ideia ao inseri a Itália na história — destaca o diretor.

Protagonista do original e com presença importante na continuação, João Miguel não esteve presente na apresentação do longa em Gramado. Durante o debate, a produtora Cláudia da Natividade afirmou que o ator não pôde marcar presença por “motivos de força maior e questões contratuais”, sem entrar em detalhes.

O rapper Projota, ex-BBB 21, comemorou a chance de ver um trabalho seu na tela grande de cinema.

— Foi muito especial me ver na tela de cinema, acho que é um divisor de águas na minha vida, a continuação de um clássico — fala o músico. — Fiz mais séries, os filmes que tinha feito antes não tinham chegado aos cinemas. Quando o Marcos me chamou, eu falei: “eu faço o que você quiser”

“Estômago 2” chega aos cinemas no dia 29 de agosto. E, se depender dos envolvidos, não irá parar por aí.

— Existe um projeto para “Estômago 3”. Não tem nada fechado, mas existe o interesse — diz Jorge.

* O repórter viajou a convite da organização do evento.