Alagoas

Acessibilidade e inclusão da comunidade surda é destaque em matéria da Tribuna do Sertão

16/07/2024
 Acessibilidade e inclusão da comunidade surda  é destaque em matéria da Tribuna do Sertão
Natalício Vieira / Ascom Secdef

Em reportagem especial publicada no último sábado (13), o jornal Tribuna do Sertão apresentou o trabalho realizado pela Central de Intérprete de Libras (CIL), da Secretaria de Estado da Cidadania e da Pessoa com Deficiência (Secdef), em prol da comunidade surda alagoana.


Segundo a secretária Arabella Mendonça, a reabertura do equipamento é um marco histórico para a inclusão social no estado. A CIL tem como objetivo garantir acessibilidade, comunicação e inclusão social de pessoas surdas, surdocegas e deficientes auditivos, por meio da solicitação de intérpretes de Libras-Português para diversos serviços em todo o estado.


Nos últimos 14 meses, a Central já contabilizou 831 atendimentos, com destaque para as áreas de saúde, acompanhamento em consultas médicas e odontológicas, bancos, órgãos do poder judiciário, delegacias, serviços sociais e tradução de documentos, sendo eles, certidões, laudos médicos, declarações, entre outros. A CIL oferece um serviço completo de interpretação de Libras-Português, com atendimento personalizado e de qualidade desde o primeiro contato do cidadão com a Central.


A equipe é composta por seis intérpretes experientes e qualificados, que garantem a melhor experiência possível para cada usuário. Para solicitar o serviço de intérprete de Libras, a pessoa surda pode entrar em contato com a CIL no telefone (82) 98884-5403. O atendimento pode ser feito por chamada de vídeo, voz, mensagens de texto e de voz, ou até mesmo por e-mail ([email protected]). A equipe fará a triagem e agendará o atendimento mediante a disponibilidade.


De acordo com a titular da Secdef, Arabella Mendonça, a reabertura da CIL é um marco histórico para a inclusão social em Alagoas. "A Secdef dá um passo decisivo para garantir inclusão social, tecendo uma rede de comunicação sem barreiras para a comunidade surda, garantindo o acesso à comunicação em diversos ambientes da sociedade", destacou a gestora.


Parto acessível Um dos atendimentos especializados pela CIL é o parto acessível, onde um intérprete acompanha a mãe ou pai surdo durante todo o processo de gravidez, traduzindo do português para Libras tudo que a equipe médica está comunicando e realizando no momento, com foco principal nas reações da mãe.


Segundo Patrícia Gonçalves, coordenadora da CIL, para a mulher surda, o parto é um momento muito especial, mas também bastante tenso, e ela muitas vezes se depara com a anulação de suas urgências. "É nesse momento que entramos com o nosso papel de proporcionar um atendimento de qualidade a essa mãe, porque o profissional de saúde não a compreende, então isso torna o nosso atendimento não só técnico, mas humanizado".


Nesse período, já foram realizados dois atendimentos de parto acessível. Em 2023, a CIL acompanhou o processo de gravidez da pedagoga Isabel Alvim, de 34 anos, que leciona para crianças surdas no atendimento educacional especializado. Ela relata que, no início, a comunicação com a enfermeira era limitada devido à falta de conhecimento da Libras, mas a chegada da intérprete transformou o atendimento, proporcionando clareza, segurança e compreensão total das informações.


"Tive duas intérpretes, a Patrícia e a Bárbara, que se revezavam e me acompanhavam em tudo. Durante o parto, a Patrícia ia me descrevendo o que eu não poderia saber sem ela. Ela me passava as orientações da obstetra e da anestesista. Eu não posso dizer que tive traumas no meu parto, pelo contrário, foi muito tranquilo com a presença das meninas, a comunicação foi clara. Sempre que alguém da equipe passava e perguntava se eu estava bem, a Bárbara colocava sua voz e me deixava segura", relatou a mãe da pequena Yasmin.


Michelle Pereira, 26, foi a segunda mãe atendida pela CIL nesse período. Ela fala da importância do intérprete durante o processo da gravidez. "Eu queria falar o quanto estou bastante emocionada e feliz com esse momento, pela primeira vez eu vou ser mãe de uma menina que está prestes a nascer. A CIL tem um papel fundamental nesses momentos, esse acompanhamento é bastante importante nesses lugares em que não se tem comunicação, ele nos deixa mais seguras".


Para a intérprete Suzielma Gonçalves, o momento do parto foi incrível e o mais esperado da sua vida profissional. "Emocionante desde o pré-natal, principalmente pela confiança depositada em nosso trabalho. Tivemos uma abertura muito grande e de parceria com o Posto de Saúde até o parto no Hospital Regional da Mata, em União dos Palmares", conta a profissional.


Ela destaca ainda que Michelle foi muito forte durante todo o momento e se comunicando com ela, isso foi crucial para garantir a saúde dela e do bebê. A CIL A Central de Intérpretes de Libras é um serviço destinado às pessoas surdas, surdocegas e com deficiência auditiva que necessitam de tradução ou interpretação do português para a Língua Brasileira de Sinais (Libras) ou da Libras para o português, em atendimentos realizados em instituições municipais, estaduais ou federais.


No Brasil, a CIL é uma das poucas instituições que contam com um intérprete surdo em seu quadro funcional. Matheus Santos é responsável por auxiliar os demais intérpretes na compreensão de regionalismos e particularidades na utilização da Libras. Sua atuação, em conjunto com os intérpretes ouvintes, contribui para a maior acessibilidade e facilita a comunicação entre pessoas surdas, principalmente aquelas com menor fluência na Libras, e os intérpretes ouvintes.


Matheus destaca a importância do intérprete surdo na acessibilidade da comunicação. Sua atuação objetiva e adaptativa facilita a tradução para o intérprete ouvinte, beneficiando pessoas surdas que, por vezes, enfrentam dificuldades linguísticas e conversas fluidas com intérpretes ouvintes. Ele ressalta ainda que o papel do intérprete surdo vai além de superar obstáculos. Sua expertise na cultura e necessidades da comunidade surda o torna crucial na construção de políticas públicas eficazes. "Como surdo, compreendo profundamente as demandas da minha comunidade e, atualmente, posso atuar com liberdade e segurança através da Secdef e da CIL", afirma.