Internacional
Zelensky ordena expurgo da guarda estatal após militares serem presos por planejar assassinato de altos funcionários
Agentes da Administração de Segurança do Estado ucraniano buscavam 'executores' entre os guarda-costas do presidente para matá-lo; outras duas autoridades também eram alvo

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, instruiu o novo chefe da Guarda Nacional a eliminar de suas fileiras pessoas que não acreditem no serviço do órgão. A medida, divulgada pela imprensa internacional nesta segunda-feira, ocorre mais de um mês após dois de seus oficiais terem sido acusados de conspirar para assassinar altos funcionários do país, incluindo o próprio chefe de Estado.
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Em maio, o Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) disse ter descoberto uma rede de agentes do Serviço de Segurança da Rússia (FSB) que planejava matar Zelensky e outras duas autoridades. Dois coronéis da Administração de Segurança do Estado ucraniano (UDO), responsável por proteger as pessoas mais proeminentes de Kiev, buscavam “executores” entre os guarda-costas do presidente para mata-lo.
Os outros dois alvos eram Vasyl Malyuk, chefe do SBU, e Kiril Budanov, líder da Diretoria Principal de Inteligência do Ministério da Defesa do país. Este último deveria ser assassinado antes da Páscoa Ortodoxa, que neste ano ocorreu no primeiro domingo de maio. O “executor” recrutado, segundo o SBU, deveria observar o movimento das autoridades e de Zelensky e transmitir informações a Moscou.
Segundo a promotoria, um dos suspeitos recebeu drones FPV, cargas RPG-7 e minas antipessoais MON-90 do russo FSB com o objetivo de transferir o material para um cúmplice que provocaria uma explosão. O ucraniano SBU disse ter registrado as viagens desse coronel para adquirir os armamentos em outra região da Ucrânia, além das conversas do potencial executor com um integrante do FSB.
Malyuk, o chefe do SBU e um dos alvos, afirmou na época que o ataque deveria ser “um presente para [o líder russo, Vladimir] Putin antes da posse” de seu quinto mandato, cuja cerimônia foi realizada no mês passado. Ele disse que o plano “terrorista” dos agentes foi, na verdade, “um fracasso dos serviços especiais russos”. O ucraniano ponderou, contudo, que a Rússia “não pode ser subestimada”.
— Não devemos esquecer que o inimigo é forte e experiente — afirmou Malyuk. — Continuaremos a trabalhar com antecedência para que cada traidor receba as merecidas sentenças judiciais.
Os dois coronéis suspeitos foram acusados de traição cometida sob lei marcial, além de vazar informações confidenciais para a Rússia. Um deles também foi acusado de planejar um ato terrorista. Se condenados, ambos podem ser sentenciados à prisão perpétua.
Ao apresentar o coronel Oleksiy Morozov, o novo chefe da guarda estatal do país, à equipe nesta segunda-feira, Zelensky disse que sua principal tarefa era garantir que apenas aqueles que veem seu futuro ligado à Ucrânia se juntem à agência. Estes foram os primeiros comentários do presidente ucraniano desde que os dois coronéis foram presos.
“E, claro, a agência deve ser limpa de qualquer pessoa que não escolha a Ucrânia para si ou desacredite o serviço da guarda do Estado”, escreveu ele no Telegram nesta segunda-feira.
Zelensky demitiu o antecessor de Morozov, Serhiy Rud, dois dias após o SBU deter os funcionários da agência. Moscou não comentou o assunto.
Tentativas de assassinato
As alegações ucranianas sobre os esforços russos para matar Zelensky não são novas. O presidente ucraniano disse que desde fevereiro de 2022, quando a guerra na Ucrânia teve início, houve pelo menos dez tentativas de assassinato contra ele.
Antes do relato do último mês, a mais recente havia ocorrido em abril, quando um cidadão polonês foi detido. Na época, o SBU relatou que uma operação conjunta de agências policiais ucranianas e polonesas descobriu que ele tinha a missão de “recolher e entregar informações aos serviços de inteligência militar da Federação Russa” para “planejar uma possível tentativa de assassinato” do chefe de Estado.
Identificado apenas como Pawel K., ele teria estabelecido contatos com cidadãos russos “diretamente envolvidos” na guerra. De acordo com o procurador-geral da Ucrânia, o suspeito deveria recolher informações sobre a segurança do aeroporto Rzeszów-Jasionka, no sudeste da Polônia – local que é frequentemente utilizado para enviar ajuda a Kiev. Zelensky também frequenta o espaço para viajar para fora do país.
Em agosto do ano passado, uma mulher foi presa acusada de participar de um plano para matar o líder ucraniano durante uma visita oficial à cidade de Mykolaiv, em julho daquele ano, quando a região ficou inundada após a destruição da represa de Kakhovka. À época, o SBU afirmou que a mulher trabalhava numa base militar e “tentou descobrir horários e locais incluídos no roteiro provisório” de Zelensky na região.
Conforme publicado pela agência Associated Press, os movimentos do presidente ucraniano são mantidos em segredo por razões de segurança, e suas visitas pelo país só são anunciadas publicamente após sua partida. As notícias dos eventos que ele realiza em Kiev geralmente são embargadas até que acabem.
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