Internacional
Tribunal suíço impõe penas de prisão a família mais rica do Reino Unido por exploração de funcionários
Prakash e Kamal Hinduja, seu filho Ajay e sua esposa, Namrata, foram inocentados pelo crime de tráfico humano

Quatro membros dos Hinduja, a família mais rica do Reino Unido, foram condenadas na Suíça por exploração de seus trabalhadores, mas foram inocentadas pelo crime de tráfico humano. Prakash e Kamal Hinduja, juntamente com o seu filho Ajay e a sua esposa, Namrata, são acusados de trazerem homens e mulheres da Índia para trabalharem como empregados domésticos numa mansão da família, localizada em um bairro exclusivo de Genebra. O tribunal rejeitou as acusações de tráfico de seres humanos, alegando que os funcionários entendiam onde estavam se metendo. A sentença ainda não foi emitida. Nenhum dos membros da família esteve presente no tribunal para o veredicto.
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Os Hinduja são acusados de pagar apenas US$ 8 aos funcionários (cerca de R$ 43) por dia, por 18 horas de trabalho. As autoridades também investigam suspeitas de que os familiares retiraram os passaportes dos empregados para restringir sua liberdade no país.
Os advogados da família, que é proprietária de um conglomerado empresarial avaliado em R$ 256 bilhões, ofereceram explicações controversas, como a de que os baixos salários eram apenas parte da remuneração, além de alojamento e alimentação.
Da Índia para o mundo
Os Hindujas são originários da Índia e controlam um grupo com o mesmo nome, que é formado por uma rede de empresas que vai desde construtoras, distribuidoras de mercadorias e fabricantes de veículos até produtores de lubrificantes e bancos, segundo o site do conglomerado.
O império foi fundado por Parmanand Deepchand Hinduja, em 1914, em parte do que hoje é o Paquistão. Inicialmente, a empresa se concentrou na venda de produtos, embora mais tarde tenha se aventurado no setor bancário.
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Em 1919, o empresário já havia conseguido expandir seus negócios para o Irã, onde atuou até o início da Revolução Islâmica, em 1979, quando transferiram suas operações para o Reino Unido. Os filhos do fundador — Srichand, Gopicard e Prakash — partilharam a gestão e deram continuidade à expansão e internacionalização do grupo.
Após a morte de Srichand, em 2023, seu irmão mais novo, Gopicard, lhe sucedeu à frente do grupo em Londres, enquanto Prakash — um dos identificados pela justiça suíça — ficou com os negócios da empresa em Mônaco.
Imóveis milionários
No Reino Unido, a família adquiriu valiosos imóveis. Em Londres, são donos do hotel Raffles, inaugurado em setembro de 2023 e localizado no histórico edifício Old War Office em Whitehall, antigo Ministério da Defesa, a poucos metros do número 10 da Downing Street, informou a revista Forbes.
Eles também possuem parte do exclusivo Carlton House Terrace, um enorme edifício que abriga escritórios, residências e salas de eventos, e está localizado bem próximo ao Palácio de Buckingham. O Grupo Hinduja afirma ter 200 mil funcionários em todo o mundo.
Em junho de 2020, um processo judicial no Reino Unido revelou que as relações entre os irmãos não eram tão harmoniosas como se pensava anteriormente. Os documentos mostraram que o falecido Srichand enfrentou seus irmãos mais novos no tribunal pela propriedade de um banco em Genebra, na Suíça.
Mais gastos em cães do que em funcionários
O clã está na mira das autoridades suíças há seis anos, quando começaram a ser investigados pelo tratamento aos funcionários da vila no exclusivo bairro de Cologny, em Genebra. Na semana passada a família livrou-se de uma das acusações que lhe eram feitas (a relativa à exploração), depois de chegar a um acordo financeiro com as vítimas.
No entanto, ainda têm pendente a acusação de tráfico humano, pela qual o Ministério Público suíço pede cinco anos e meio de prisão para Prakash e Kamal Hinduja, e quatro para Ajay e Namrata. O julgamento, que começou na segunda-feira, atraiu a atenção da imprensa tanto no Reino Unido como na Índia.
O promotor suíço Yves Bertossa revelou, durante a audiência, que uma das funcionárias ganhava apenas 7,84 dólares (cerca de R$ 43) por uma jornada de trabalho de 18 horas, enquanto documentos obtidos pelo seu escritório intitulados “Animais de estimação” indicavam que a família gastava mais de 10 mil dólares anualmente (R$ 54 mil) com a alimentação e cuidado de um de seus cães.
O procurador alegou ainda que os trabalhadores, muitos dos quais tinham de trabalhar sete dias por semana, recebiam os seus salários em rúpias indianas e não em francos suíços, a moeda do país.
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