Alagoas
Uneal realiza colação de grau de 212 indígenas em momento histórico para o Brasil

Pela primeira vez no Brasil, em uma colação de grau coletiva inédita, 212 estudantes indígenas se formam em uma universidade pública. Em Alagoas, a Universidade Estadual de Alagoas (Uneal) desenvolveu o Curso de Licenciatura Intercultural Indígena (CLIND), que prepara professores para atuarem em suas próprias comunidades, no Campus III, em Palmeira dos Índios.
A cerimônia será realizada no dia 1º de agosto, às 11h, no Centro de Convenções de Maceió. O evento é organizado pela Uneal, em parceria com o Governo de Alagoas.
Representatividade de 12 etnias
A colação de grau reúne formandos de 12 das 13 etnias indígenas do estado: Wassu-Cocal (Joaquim Gomes), Xucuru-Kariri (Palmeira dos Índios), Tingui-Botó (Feira Grande), Karapotó Plaki-ô e Karapotó Terra Nova (São Sebastião), Aconã (Traipu), Kariri-Xocó (Porto Real do Colégio), Jiripankó, Katokinn e Karuazu (Pariconha), Kalankó (Água Branca) e Koiupanká (Inhapi).
Os concluintes são oriundos de quatro polos de formação: Agreste, Baixo São Francisco, Sertão e Zona da Mata. As licenciaturas ofertadas abrangem Geografia, História, Letras, Pedagogia e Matemática.
Universidade como território de pertencimento
“Concluir o curso de Letras no CLIND é muito mais do que ocupar uma cadeira: é mostrar que temos direito ao conhecimento sem abrir mão da nossa identidade. Viver o Programa Primeiro Emprego dentro das escolas indígenas me mostrou que a educação pode, sim, transformar nossa realidade. Levo comigo não só um diploma, mas o compromisso de seguir representando meu povo com dignidade, coragem e afeto. Como dizemos na nossa tradição, a palavra é semente. E nós somos sementes que já começaram a florescer” afirmou João Paulo de Jesus dos Santos, do povo Jiripankó, formando em Letras.
Formação com apoio das comunidades e do estado
Durante o curso, os estudantes participaram de uma formação construída a partir dos seus modos de vida, com respeito às línguas e culturas originárias. O CLIND é realizado pela Uneal e financiado pelo Governo do Estado de Alagoas, através do Fundo Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza (Fecoep).
Além disso, o programa contou com o apoio de políticas públicas estaduais para garantir a permanência dos estudantes.“A gente não forma ninguém sozinho. Esse curso só chegou até aqui porque teve apoio do Governo do Estado, da Gerência de Educação Indígena da Secretaria de Estado da Educação, com o Fecoep, Seplag e Egal, que viabilizaram o Programa Primeiro Emprego Indígena. Muitos dos nossos estudantes só conseguiram seguir estudando porque tiveram esse suporte. A gente também contou com o apoio das prefeituras. Foi uma construção coletiva, com muito esforço e afeto,” afirmou a professora Iraci Nobre, coordenadora do CLIND.
Compromisso com a reparação histórica
“Esse curso mostra o que a universidade pública pode ser quando ela entende o seu papel. Formar mais de 200 indígenas em um projeto como esse é um passo importante para reparar uma dívida histórica com os povos originários do nosso estado,” disse o reitor Odilon Máximo de Morais.
O vice-reitor Anderson Barros reforçou a dimensão histórica do momento. “É a primeira vez que 212 indígenas de Alagoas colam grau juntos em uma universidade pública. Isso mostra que o Estado, por meio da Uneal, saiu dos seus muros e foi até os povos originários para garantir acesso à formação superior. É uma conquista coletiva, construída com escuta, diálogo e respeito às identidades de cada povo”.
Cerimônia com identidade e ancestralidade
A colação será marcada por cantos, rituais e o uso de adornos tradicionais. Mais do que o encerramento de um ciclo, a formatura representa um avanço concreto no direito à educação superior para os povos indígenas e no reconhecimento da diversidade como base da formação docente no Brasil.
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