Internacional
Oposição vence eleições legislativas na Coreia do Sul, mas não consegue maioria absoluta na Assembleia
Lideranças do Partido do Poder Popular, de Yoon Suk-yeol, se disseram 'chocados' com o resultado, que deve impactar o restante do mandato presidencial
A oposição na Coreia do Sul manteve o controle da Assembleia Nacional, mas ficou a poucos votos de obter a maioria absoluta no Legislativo, apontam os resultados preliminares divulgados nesta quarta-feira. Os números, considerados "chocantes" pelos governistas, são um mau presságio para o presidente Yoon Suk-yeol, que ainda tem três anos de mandato pela frente, mas já começa a ser chamado de "pato manco", expressão usada para líderes com pouco ou nenhum poder de fato.
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De acordo com as projeções da imprensa, que estão sendo confirmadas pelos resultados preliminares, o bloco de oposição deve conquistar até 197 assentos na Assembleia unicameral, que tem 300 assentos. Para que fosse obtida uma "supermaioria", que daria poderes para derrubar vetos presidenciais, fazer emendas à Constituição e abrir um processo de impeachment, seriam necessárias 200 cadeiras. Pelo sistema de votação sul-coreano, 254 assentos eram definidos em votação direta, enquanto os demais 46 distribuídos proporcionalmente aos partidos, de acordo com a votação total.
A bancada será liderado pelo Partido Democrático (centrista), que tem à frente o candidato derrotado à Presidência em 2022, Lee Jae-myung, e contará com o apoio do Partido da Nova Reforma (reformista), comandado pelo controverso (e condenado por vários processos) ex-ministro da Justiça Cho Kuk, que esteve no cargo por apenas um mês no governo de Moon Jae-in.
— O povo venceu — disse Cho, citado pela Yonhap. — O povo fez sua escolha clara de que esse é um veredito dado ao governo de Yoon Suk-yeol.
Entre os governistas, o clima após os primeiros resultados foi de desolação: o Partido do Poder Popular (conservador), de Yoon, e as siglas aliadas devem chegar no máximo a 103 cadeiras.
— É muito chocante que esses resultados tenham sido obtidos apesar dos melhores esforços de cada candidato regional, incluindo o presidente Han (Dong-hoon, líder interino da sigla) — afirmou à rede JTBC o dirigente partidário Hong Seok-jun. Han e outros nomes de comando da sigla não deram declarações após a confirmação da derrota.
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De acordo com as autoridades eleitorais, 67% dos sul-coreanos aptos foram às urnas, o maior número registrado em uma votação para o Legislativo, embora um pouco abaixo dos 77.08% da eleição presidencial de 2022, quando Yoon foi eleito. E como na votação de dois anos atrás, a campanha foi marcada pela polarização política — apesar do presidente não ter entregue várias de suas promessas, como a redução da inflação ou mesmo ações para impulsionar as baixas taxas de natalidade da Coreia do Sul, o lado partidário parece ter pesado mais na hora do voto.
— Nunca vi uma eleição assim: nenhuma promessa de campanha se tornou tema eleitoral, com a exceção das forças de lados opostos lutando para vencer a todo custo — disse ao New York Times Heo Jinjae, analista na consultoria Gallup Korea.
Kim Hyung-joon, professor na Universidade Pai Chai, afirmou à Reuters que a própria figura de Yoon pode ser afastado pessoas que votaram nele há dois anos. Conhecido como "rei das gafes" mesmo antes de chegar à Presidência, ele não perdeu esse hábito após a posse.
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Em março, durante uma visita a um mercado, deixou claro que não sabia quanto custava um maço de cebolinha, um item básico na culinária sul-coreana. A oposição usou o caso à exaustão, dizendo que isso comprovava a "desconexão" de Yoon com a população. A isso se soma a notória dificuldade de comunicação do presidente, mesmo na hora de anunciar boas notícias de seu governo.
— As questões de subsistência estão em jogo em primeiro lugar, mas a sua atitude unilateral de tomada de decisão complicou a implementação suave de qualquer política, e isso parece ter saído pela culatra — disse Kim Hyung-joon à Reuters.
Contudo, o status de "pato manco" deve ser visto majoritariamente no campo interno. Na política externa, analistas não esperam grandes mudanças, em especial na aproximação em curso com Japão e EUA, nas políticas de segurança regional envolvendo a China e na abordagem à Coreia do Norte, que tem acirrado seu discurso bélico e que em janeiro "abandonou" os planos para uma hipotética reunificação com o Sul.
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