Em um gesto histórico de reconciliação, o Papa Francisco outorgou a reabilitação de Padre Cícero Romão Batista em 2015, cujo ministério havia sido previamente suspenso pela Igreja Católica. Este ato foi oficializado por meio de uma carta enviada ao bispo diocesano de Crato, Ceará, Dom Fernando Panico, pelo cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado do Vaticano.

Padre Cícero, também carinhosamente chamado de "Padim Ciço", nasceu em Crato (CE) em 1844 e foi ordenado sacerdote em 1870. Sua vida foi marcada por intensos esforços de evangelização e serviço aos pobres no nordeste brasileiro. Apesar de seu falecimento em 1934 com as ordens suspensas, a devoção popular em Juazeiro do Norte e em toda a região manteve viva sua memória espiritual.

O Papa Francisco, reconhecendo a dedicação incansável de Padre Cícero à evangelização e aos mais necessitados, promoveu não apenas a reabilitação de suas ordens, mas uma completa reconciliação, dissipando quaisquer controvérsias passadas a respeito de suas ações.

A notícia desta reconciliação foi divulgada durante a cerimônia de abertura da Porta Santa na Diocese de Crato, em 13 de dezembro, marcando um novo capítulo na relação entre a Igreja e a figura de Padre Cícero.

Em um trecho da carta, o Cardeal Parolin destaca que a intenção não é revisitar as questões históricas, canônicas ou éticas do passado, mas sim reconhecer e valorizar a influência positiva que Padre Cícero mantém no catolicismo do país, principalmente como um instrumento de evangelização popular.

A presença de um representante do Vaticano em Juazeiro do Norte, na celebração dos 180 anos de nascimento de Padre Cícero, reforça a importância deste ato de reconciliação. Monsenhor Alerrandro Tifes, consultor do Dicastério para a causa dos Santos, enfatizou o exemplo de fé e santidade de Padre Cícero como fonte de grandes frutos espirituais.

Esta reconciliação é o culminar de um processo iniciado em 2019, quando o Consultor Alerrandro participou da procissão de Nossa Senhora das Candeias, a pedido do Papa Francisco, para aprofundar o entendimento sobre a devoção a Padre Cícero, levando à autorização do processo de beatificação em 2022.

Paolo Vilota, postulador da causa de beatificação e defensor de Padre Cícero no processo, ressaltou a genuinidade da fé dos devotos e a ausência de fanatismo, considerando a vida e o impacto dos ensinamentos de Padre Cícero no Cariri como únicos.

Este ato de reconciliação pelo Vaticano não apenas restaura a honra de Padre Cícero mas também celebra sua contínua inspiração para a fé e a vida dos milhares de peregrinos que anualmente visitam Juazeiro do Norte, reafirmando seu legado como um poderoso instrumento de fé e evangelização no Brasil.