Internacional
'Lula é um exemplo do que não queremos em Portugal', afirma brasileiro eleito pela extrema direita
Em entrevista ao GLOBO, Marcus Santos diz defender 'imigração controlada', ataca muçulmanos e faz elogios a Jair Bolsonaro
Eleito deputado pelo Chega, partido da direita radical de Portugal, o brasileiro Marcus Santos, 45 anos e empresário, defende o controle da entrada de imigrantes no país. Em entrevista ao GLOBO, Santos aponta algumas razões para esse posicionamento: muitos brasileiros não têm emprego certo e chegam a morar nas ruas, há risco de alta da criminalidade e, no caso de muçulmanos, pode haver um choque com a "cultura judaico-cristã" que segundo ele prevalece entre os ocidentais.
— O partido Chega defende uma imigração controlada. Não somos contra a imigração, porque em Portugal a população é muito envelhecida e precisamos de jovens para trabalhar. Defendemos que as pessoas venham para Portugal já com um contrato de trabalho. Há muitos brasileiros que exploram brasileiros. As pessoas chegam aqui, muitas vezes sem casa e sem trabalho, e acabam caindo em redes de tráfico humano — disse.
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Um dos fundadores do Chega e há 15 anos em Portugal, Marcus Santos afirmou que um dos principais objetivos de seu partido é proteger os portugueses da criminalidade. Disse que, segundo a Polícia Judiciária portuguesa — o correspondente à Polícia Federal no Brasil — há entre 1 mil e 1.500 membros de uma conhecida facção criminosa brasileira, o PCC (não sei se devemos usar o nome da facção).
— Já temos bandidos demais aqui — afirmou.
Apesar do Chega ter quadruplicado sua bancada na eleição de domingo e cobrar participação em um novo governo, que deve ser liderado pela centro-direita, o líder do Partido Social-Democrata, Luis Montenegro, tem dito que cumprirá a promessa de campanha de não se aliar à extrema direita, uma política chamada internamente de "não é não".
Na entrevista, Santos afirma que houve um grande crescimento do fluxo migratório para a Europa, especialmente de muçulmanos, e que para ele, que tomará posse até o próximo dia 10 de abril, trata-se de um problema.
— Infelizmente, essas pessoas não têm a mesma cultura que a nossa, que é judaico-cristã. Há um choque cultural.
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Na semana passada, o deputado André Ventura, um dos principais líderes do Chega, afirmou que, se fosse eleito, não deixaria o presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrar em Portugal. Não foi a primeira vez que Ventura atacou Lula. Perguntado sobre o assunto, Santos afirmou que uma das bandeiras de seu partido é o combate à corrupção.
— Lula, para nosso partido e a direita, é um exemplo do que não queremos em Portugal.
Já o ex-presidente Jair Bolsonaro, enfatizou, está plenamente de acordo com as aspirações da direita portuguesa.
Santos disse que em toda a Europa a direita está crescendo. Citou como exemplos Portugal, França, Polônia, Hungria e Holanda. Ele esclareceu que a Constituição portuguesa proíbe a criação de partido de "extrema direita" e, por isso, ele e os demais filiados ao Chega se definem como da "direita radical".
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