Internacional

Principal opositora de Maduro denuncia sequestro de colaborador por parte do serviço secreto da Venezuela

María Corina Machado divulgou o ocorrido nas redes sociais; Emil Brandt é o quarto membro do partido Vente Venezuela a ser preso

Agência O Globo - 09/03/2024
Principal opositora de Maduro denuncia sequestro de colaborador por parte do serviço secreto da Venezuela

Funcionários do Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin), o órgão secreto do governo do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, detiveram nesta sexta-feira Emil Brandt, membro do partido Vente Venezuela e diretor da campanha da opositora María Corina Machado no estado de Barinas. María Corina denunciou o ocorrido nas redes sociais, afirmando que o regime do líder venezuelano “sequestrou” Brandt apenas algumas horas depois de ela ter percorrido o estado.

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As autoridades locais não forneceram informações sobre as razões dessa medida, a quarta ocorrida em poucas semanas contra membros regionais da organização política de María Corina. Mas provavelmente se tratam de acusações como traição à pátria ou terrorismo, os métodos legais que o chavismo tem utilizado para intimidar seus adversários.

Neste sábado, a opositora escreveu no X (antigo Twitter) que “esta ação constitui mais uma violação ao já pisoteado Acordo de Barbados e demonstra que Maduro optou por seguir ‘pelo caminho errado’”. “Exigimos uma firme reação de todos os atores nacionais e internacionais que apoiam uma verdadeira eleição presidencial na Venezuela. Continuaremos percorrendo todo o nosso país na construção de mais e mais força e organização cidadã para alcançar a vitória eleitoral este ano”, escreveu ela, que é a opositora com mais chances de vencer Maduro nas eleições, embora tenha sido impedida de participar do pleito.

Luis Camacaro, coordenador político do Vente Venezuela no estado de Yaracuy; Guillermo López, coordenador do estado de Trujillo; e Juan Freites, coordenador do estado de Vargas, foram detidos em 23 de janeiro pela polícia sem que as razões tenham sido divulgadas. Familiares ainda clamam por informações sobre o paradeiro deles.

Pouco antes, em 23 de outubro, um dia depois das eleições primárias da oposição serem realizadas com sucesso, a Procuradoria-Geral da República emitiu mandados de prisão contra Roberto Abdul, diretor da ONG Súmate (fundada por Machado em 2004); e contra Claudia Macero e Pedro Urruchurtu, membros da direção do Vente e ativistas de confiança pessoal de María Corina, por “traição à pátria e associação criminosa”. Eles participaram da organização de eleições primárias que o regime de Maduro se recusou a reconhecer e considerou fraudulentas.

Abdul, Macero e Urruchurtu foram libertados com medidas cautelares no âmbito das negociações políticas de Nicolás Maduro com os Estados Unidos e a Plataforma Unitária, no final do ano passado. María Corina, que está percorrendo o país neste momento, acabou de fazer uma bem-sucedida turnê política pelo estado de Mérida, na região andina, e havia acabado de se apresentar em Barinas, o estado natal de Hugo Chávez.

A imprensa regional informou que Brandt, ciente de que estava sendo procurado, encontrou refúgio em uma oficina mecânica e foi descoberto pelos funcionários do Sebin em uma operação no bairro El Cambio, na cidade de Barinas.

Perkins Rocha e Omar Mora, advogados ligados à causa, denunciaram a existência de um desaparecimento forçado contra esses ativistas, aos quais agora se soma o de Brandt. Vários recursos legais já foram apresentados para saber o paradeiro de todos.