Internacional
Adolescente de Gaza é resgatada de escombros após ataque israelense que matou seus pais: 'Quero ver minha família pela última vez'
Hala Hazem Hamada, de 15 anos, perdeu os pais e a irmã. A família havia se refugiado em Khan Yunis, ao sul de Gaza
Com lágrimas nos olhos, Mohammed al Sabbagh grita ao telefone celular implorando à sua sobrinha "manter-se forte" enquanto ela definha sob os escombros em Gaza.
A chamada aconteceu no início do calvário de três dias vivido por Hala Hazem Hamada, de 15 anos, que finalmente foi resgatada na terça-feira após um ataque mortal israelense, que deixou seis de seus familiares mortos, incluindo seus pais.
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Soldados israelenses chegaram no sábado ao complexo residencial onde a família de Hala se refugiou, vinda do norte de Gaza, nos arredores da cidade de Khan Yunis, ao sul.
O Exército israelense afirmou ter vasculhado "infraestrutura terrorista" na área e detido supostos "terroristas".
Hala disse à AFP que os soldados pediram aos moradores por alto-falante que deixassem suas casas, mas antes que ela e sua família pudessem fazê-lo, "a casa começou a desabar sobre nós", destruída por um trator.
Inicialmente, o Exército israelense não respondeu, nessa quarta-feira, a um pedido de comentário sobre os acontecimentos.
"Os atiradores dispararam contra todos na família, exceto minha irmã e eu", acrescentou.
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"Minha irmã Basant me disse 'estou com medo, me salve. Não consigo me mexer. Tenho escombros sobre meus pés e meu pai está sobre minha perna, não consigo me mover".
Depois, Basant caiu e Hala ficou sozinha, esperando por horas antes de ser resgatada. Basant, de 19 anos, foi uma das seis mortas.
'Fique a salvo'
Um jornalista da AFP gravou quando Mohammed al Sabbagh dizia palavras de encorajamento à sua sobrinha pelo telefone.
"Fique a salvo e mantenha-se forte. Se houver algo ao seu redor, coma para se manter firme até que cheguemos até você", disse.
"Eu juro por Deus, não sabemos como te alcançar [mas] estamos tentando te alcançar. Não se preocupe, vamos chegar".
Mas a resposta de Hala foi desanimadora:
"Meu pai está coberto de sangue. Ele estava respirando, mas não mais", contou.
Nessa quarta-feira, Hala relatou o resgate à AFP, de uma cama de hospital na cidade de Rafah, no sul.
- Começaram a remover os escombros e a cortar as barras de aço até me tirarem. Quando me tiraram, me colocaram em uma maca - lembrou.
Embora não tenha sofrido ferimentos graves, ela tentava se recuperar fisicamente após tanto tempo sem comida nem água, ao mesmo tempo em que lidava com o trauma e a perda que sofreu.
- Sobrevivi, mas quero ver minha família pela última vez - expressou.
- Vi minha irmã e meu pai, mas eles não foram retirados. Ainda estão sob os escombros. Quero vê-los pelo menos para me despedir.
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