Economia
BYD lança Dolphin Mini por R$ 115,8 mil, acima do esperado
Expectativa era que montadora chinesa cobrasse cerca de R$ 100 mil por seu compacto elétrico no Brasil

A montadora chinesa BYD lançou nesta quarta-feira no país o que promete ser um carro elétrico de preço competitivo para acelerar seu crescimento no mercado brasileiro. O preço final do Dolphin Mini ao consumidor será de R$ 115.800, acima do esperado. A expectativa era que montadora chinesa cobrasse cerca de R$ 100 mil por seu compacto elétrico no Brasil. O lançamento do carro foi feito em um evento transmitido pela internet.
A companhia manteve um desconto de R$ 10 mil para quem fez reservas, pela loja oficial da marca na plataforma de comércio eletrônico Mercado Livre ou pelas concessionárias. Com isso, o preço cai para R$ 105.800.
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A montadora chinesa, que se prepara para começar a produzir veículos na Bahia no fim do ano, já vende importados da China no país. E quer acelerar seu crescimento com o Dolphin Mini, um carro elétrico compacto, com motor de 75 cavalos, que promete economia com combustível e manutenção, e opcionais tecnológicos que, geralmente, não vêm nos carros mais baratos do mercado.
Entre essas atrações estão câmbio automático, ajuste elétrico do banco do motorista, central multimídia com tela de 10,1 polegadas, câmera de ré e carregamento do celular por indução.
A intenção da BYD era anunciar o Dolphin Mini com o apelo de que o "valor" é mais importante do que o "preço", informou na terça-feira Pablo Toledo, diretor de Comunicação e Marketing da subsidiária brasileira da montadora chinesa, cuja proposta é quebrar o paradigma de que carros elétricos são muito caros.
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Preço estava indefinido
Desde que o lançamento foi confirmado pela a vice-presidente global da companhia, Stella Li, em entrevista ao GLOBO, se ventilava nos bastidores que o carro custaria entre R$ 90 mil e R$ 100 mil. Toledo confirmou ontem que o objetivo era deixar o preço o mais baixo possível, em torno de R$ 100 mil. Ele disse que os executivos da operação brasileira trabalhariam até o último momento para convencer a matriz da China a baixar ainda mais.
– Estamos negociando o preço desse carro até as primeiras horas da quarta-feira porque entendemos que é muito importante como posicionamento e estratégia de modo geral. É uma negociação que vai entrar pela madrugada com a China – afirmou Toledo na terça-feira.
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Parte ou não da estratégia de marketing, o preço do Dolphin Mini era considerado o ponto que mais atrairia a atenção dos consumidores no anúncio oficial nesta quarta-feira, num evento de lançamento que teve o apresentador Luciano Huck como anfitrião e transmitido ao vivo pela internet.
Segundo Toledo, Huck firmou um contrato com a BYD até o fim do ano para estrelar campanhas publicitárias e outras ações – o anúncio do lançamento e da abertura das reservas do novo carro foi feito no programa do apresentador, na TV Globo, no último domingo.
Vantagens do elétrico
A tônica do lançamento transmitido ao vivo será mostrar como o preço, combinado com as demais variáveis de custo, como IPVA, seguro, combustível e manutenção, é vantajoso em relação aos carros concorrentes com motor a combustão, disse Toledo:
– O lançamento vai ter muito “ponta do lápis”. Aí não inclui só o valor do carro, mas a isenção do IPVA em algumas capitais, o desgaste menor que peças de carros elétricos têm e a autonomia de recarga.
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No Dolphin Mini, a BYD deverá cobrar pelas revisões anuais. Em outros lançamentos, o preço final incluía manutenção por cinco anos, mas a montadora prevê que vendas elevadas tornem impossível oferecer isso no novo carro. Ainda assim, a promessa é de revisões mais baratas.
Também não está definido se o Dolphin Mini virá com o cabo para carregar na tomada já incluído.
Inventivo com crédito, seguro e recarga
Na lógica da “ponta do lápis”, a empresa buscará com o banco Santander, parceiro financeiro, as melhores condições de financiamento possível. O juro mensal deverá ficar em 0,99%, mas o valor das parcelas também será anunciado nesta quarta-feira, com o preço.
A BYD firmou também uma parceria com a seguradora Porto. A ideia é oferecer condições vantajosas na contratação do seguro.
Além disso, haverá uma promoção, em parceria com a Raízen Power, que no início do mês anunciou a associação com a montadora chinesa para instalar pontos de recarga de veículos elétricos nos postos Shell, cuja rede é operada pela Raízen.
– Os 3 mil primeiros compradores vão ganhar recarga grátis até um limite de 100 kilowatts por mês – disse Toledo.
Veículo estreou na China no ano passado
Veículo mais barato do portfólio da empresa chinesa, maior fabricante de carros elétricos do mundo, o Dolphin Mini estreou na China em abril de 2023, com o nome de Seagull (gaivota, em inglês).
No mercado chinês, o Seagull foi lançado pelo preço equivalente a US$ 11.450, ou R$ 56,6 mil pelo câmbio mais recente, mas impostos e custos de importação impedem que o mesmo nível seja mantido no Brasil.
Por aqui, o Seagull teve o nome trocado para Dolphin Mini para surfar no sucesso de vendas do Dolphin, lançado no fim de junho, dias antes de a BYD anunciar a compra da antiga fábrica da Ford na Bahia.
No ano passado, foram vendidas 6.806 unidades do Dolphin, pouco abaixo das 7.669 unidades do Song Plus, utilitário esportivo (SUV) lançado pela BYD no fim de 2022 e que, portanto, foi vendido ao longo do ano passado inteiro.
No total, a BYD vendeu 17.889 carros no país em 2023, conquistando 1,04% do mercado nacional, segundo a Fenabrave, entidade que representa as concessionárias. Em janeiro deste ano, a participação saltou para 3,62%, com 4.294 veículos vendidos, a décima maior montadora em vendas.
Política industrial da China
Segundo Cássio Pagliarini, sócio da Bright Consulting, consultoria especializada no setor automotivo, a forte entrada no mercado brasileiro não só da BYD, mas também da GWM (outra montadora chinesa), tem por trás uma estratégia de política industrial da China, que data de 20 anos e apostou no desenvolvimento de baterias e veículos elétricos.
A Bright estima que, em até cinco anos, as duas fabricantes chinesas terão em torno de 10% do mercado nacional. Os pesados investimentos em propaganda e os preços competitivos, na comparação com os concorrentes, já têm trazido sucesso em termos de vendas.
– Não é ruim para o Brasil. Eles estão trazendo tecnologia, vão montar fábricas, isso vai forçar a fabricação local – afirmou Pagliarini, lembrando que as montadoras multinacionais tradicionais e os fabricantes de autopeças dedicadas ao motor a combustão deverão sair perdendo. – As montadoras que não tiverem seu impulso e trazerem a tecnologia de eletrificação vão ficar para trás.
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