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Vítima de acidente em que sobreviventes precisaram comer carne dos mortos chegou a pesar 25 quilos
Filme sobre a queda de avião nos Andes vira fenômeno de público e faz história de Numa Turcatti, com 24 anos na época, tornar-se conhecida
O fenômeno “Sociedade da neve”, filme sobre o famoso acidente aéreo nos Andes de 1972 que faz sucesso nos cinemas e está entre os mais vistos no streaming em toda a América Latina, tem um protagonista marcante e inesperado. Afinal, Numa Turcatti não foi um dos 16 passageiros que, após 72 dias de isolamento e fome, conseguiram deixar a cordilheira. Seu intérprete, o ator uruguaio Enzo Vogrincic, se baseou em conversas com sobreviventes e familiares para compor o personagem.
De acordo com o diretor, Juan Antonio Bayona, o objetivo era justamente dar voz àqueles que não voltaram da montanha. Ou seja, desviar o foco daqueles que conseguiram ser resgatados e revalorizar a contribuição dos que não conseguiram. É por isso que Numa, por sua história, personalidade, contribuição e por ter sido a última pessoa a morrer, foi o personagem escolhido para levar a história adiante.
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O uruguaio Numa Turcatti era um estudante de Direito de 24 anos e, em princípio, nem deveria estar no fatídico voo que saiu de Montevidéu e caiu antes de chegar a Santiago, no Chile. Ele não fazia parte do time de rugby que estava a bordo, mas foi convencido por Alfredo “Pancho” Delgado, seu amigo e membro da equipe, a embarcar pela diversão.
Turcatti, que saiu ileso do acidente de avião, logo formou uma equipe para ajudar os feridos. Ele também fez parte de duas expedições para além do vale de neve em que estavam presos.
Quando seus companheiros, em um último esforço para sobreviver, começaram a consumir a carne dos mortos (seus cadáveres estavam congelados), Turcatti se negou. Mais tarde, porém, acabou sendo obrigado a recorrer ao canibalismo para conseguir se manter vivo.
Turcatti, no entanto, acabou ferindo uma perna. Seu organismo, já fragilizado, não conseguiu conter a infecção, que se tornou generalizada. Nos últimos dias de vida, Numa Turcatti parou completamente de comer e jogava fora a carne que os amigos lhe davam para ele se alimentar.
Ele morreu com 25 quilos, enquanto dormia, após 61 dias na montanha — 11 dias antes do resgate. Pancho foi o último a vê-lo com vida. Gustavo Zerbino, um dos sobreviventes, diz que Turcatti tinha em mãos pedaço de papel em que estava escrito “não há amor maior do que aquele que dá a vida por seus amigos”.
Os sobreviventes também contam que a perda de Turcatti foi o que motivou a última expedição em busca de ajuda, iniciada um dia após a sua morte. Ao final, dois deles conseguiram atravessar a neve e que os outros fossem resgatados.
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