Economia
Edemar Cid Ferreira, do Banco Santos, morre em São Paulo
Ex-banqueiro tinha 80 anos e ficou famoso por mansão icônica no bairro do Morumbi e pela coleção de arte

Famoso pela mansão icônica e pela coleção de arte, que depois viria a integrar a massa falida do Banco Santos, do qual era controlador, o banqueiro Edemar Cid Ferreira ganhou fama nacional no início dos anos 2000. Em 2005, o banco teve a falência decretada.
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O banqueiro foi acusado de dar um desfalque de R$ 2,9 bilhões na instituição financeira, com grandes prejuízos para 700 clientes, sobretudo empresas.
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Intervenção do BC
O banco passou por uma intervenção do Banco Central (BC), decretada em novembro de 2004. A instituição não recolhia o compulsório, a parcela dos depósitos que as instituições financeiras precisam recolher ao BC.
Cid Ferreira chegou a ser condenado a 21 anos de prisão, por decisão da Justiça Federal de São Paulo, por formação de quadrilha, gerência fraudulenta de instituição financeira, desvio de recursos, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e ocultação de bens e valores.
Prisão em 2006
Em 2006, ele foi preso preventivamente, mas acabou solto por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). A prisão preventiva foi decretada pelo juiz Fausto Martin de Sanctis, da 6ª Vara Criminal Federal, especializada em crimes financeiros, a pedido do Ministério Público Federal (MPF), que investigou o ex-banqueiro e outros 18 ex-diretores do Banco Santos.
De acordo com o MPF, Cid Ferreira ocultou o paradeiro de algumas obras de arte de sua coleção pessoal, que haviam sido arrestadas pelo Judiciário como garantia no processo de liquidação do Santos. As obras em questão são a escultura "Woman", de Henry Moore, uma gravura de Roy Lichtenstein, uma pintura de Jean-Michel Basquiat e quadros de Anish Kapoor, Rauschenberg, Jean Dubuffet e Fernand Leger.
Cid Ferreira alegou que as obras haviam "desaparecido", mas uma testemunha de defesa disse, em depoimento, ter visto os quadros na mansão do ex-banqueiro. Segundo o MPF, o próprio Cid Ferreira admitiu, em outra ação judicial, ter vendido obras para saldar dívidas. A negociação teria sido feita pela Wailea Corporation, empresa pertencente a Cid Ferreira no paraíso fiscal de Antígua, no Caribe.
O ex-controlador do banco foi preso duas vezes durante todo o longo processo decorrente da quebra da instituição. Na mais longa, ficou três meses detido no presídio de segurança máxima de Tremembé, no interior de São Paulo.
Acervo leiloado
O banqueiro foi um dos homens mais ricos do país, mas perdeu sua fortuna diante dos problemas com o Banco Santos. No ano passado, vivia em um apartamento alugado em São Paulo, de 300 metros quadrados, segundo o jornal O Estado de S.Paulo. Na ocasião, Cid Ferreira afirmou ao jornal que não tinha bens em seu nome e vivia às custas da ajuda dos três filhos.
A mansão que pertenceu a ele abrigava obras de arte e mobiliário de artistas e arquitetos como Victor Brecheret, Antonio Poteiro e Oscar Niemayer. O acervo foi leiloado para cobrir parte dos prejuízos causos após o Banco Santos falir e deixar um rombo bilionário.
Em suas paredes e cômodos, na época de Ferreira, havia uma eclética coleção de obras de arte, reunindo nomes significativos da arte nacional e internacional, mas também mapas, antiguidades e peças de arqueologia e etnografia.
Uma das obras chegou a ser incluída na lista de alerta vermelho da Interpol. A tela "Hannibal", do artista pop americano Jean-Michel Basquiat (1960-1988), foi apreendida pelo FBI em novembro de 2007 em Connecticut, nos Estados Unidos. A suspeita é de que houve uma tentativa de venda da obra, mas o comprador denunciou ao tomar conhecimento de que a tela tinha pendência judicial.
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Dois leilões foram realizados para levantar dinheiro aos credores. No primeiro, realizado em novembro de 2016, um total de 138 peças foram vendidas. As obras pertenciam a artistas como Tunga, Bruno Giorgi, Brecheret, Tomie Ohtake, Aldo Bonadei, Amilcar de Castro, entre outros.
A mansão também foi leiloada. Foi arrematada por R$ 27,5 milhões em um certame promovido pelo gestor da massa falida do extinto Banco Santos.
Nos últimos anos, Ferreira estudava antigos processos para repensar sua estratégia de defesa. Ele morreu do coração, em casa aos 80 anos. Deixou a mulher e três filhos.
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