Internacional
Na ONU, Brasil pede suspensão de ordem de Israel para evacuação de Gaza e condena Hamas
Proposta brasileira será analisada no Conselho de Segurança depois de texto apresentado pela Rússia
A versão preliminar do texto que está em negociação entre o Brasil e os outros 14 membros do Conselho de Segurança da ONU, que deverá ser votado nesta segunda-feira, em Nova York, condena os "ataques terroristas" do grupo palestino Hamas e pede a criação de corredores humanitários, para a entrega de produtos essenciais, como água e alimentos, para a população civil da Faixa de Gaza. Segundo interlocutores envolvidos com o tema, o documento, que tende a se transformar em uma proposta de resolução, ainda pode sofrer alterações.
De acordo com esses integrantes do governo brasileiro ouvidos pelo GLOBO, o texto pede a "liberação imediata e incondicional dos reféns civis”. Por outro lado, também faz um apelo para que Israel suspenda a ordem para que civis palestinos e servidores da ONU evacuem o norte da Faixa de Gaza e fiquem no sul do território, que hoje está sob o cerco dos israelenses.
A previsão é que a proposta apresentada pelo Brasil — que neste mês preside o Conselho de Segurança da ONU — seja votada até o fim da tarde desta segunda-feira. Um graduado interlocutor da para diplomática afirmou que a situação é tensa, complexa e espinhosa e, como tal, requer uma profunda negociação.
Antes da proposta brasileira, o Conselho de Segurança discutirá um texto elaborado pela Rússia. A diferença principal em relação aos russos é que o Brasil cita nominalmente o Hamas.
Ao contrário dos Estados Unidos, da União Europeia e de Israel, o Brasil não classifica oficialmente o Hamas como grupo terrorista. Uma mudança de posição só seria possível mediante uma decisão multilateral, ou seja, tomada pelo colegiado das Nações Unidas. Contudo, diante do que aconteceu em Israel no último dia 7, o governo brasileiro destaca, no texto, que atos de terrorismo como os cometidos pelo grupo são "criminosos e injustificáveis”.
Atualmente, o Brasil e outros países, como Índia, Alemanha e Japão, defendem a ampliação do número de membros do Conselho de Segurança, hoje formado por apenas cinco permanentes e com poder de veto (Rússia, EUA, França, Reino Unido e China) e dez com mandatos rotativos de dois anos. O órgão tem sido duramente criticado, por não conseguir apresentar resultados para um acordo de paz entre Rússia e Ucrãnia.
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