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Teoria de Einstein explica por que pessoas que moram em andares altos envelhecem mais rápido

Descoberta inédita de cientista japoneses demonstra que o tempo passa um pouco mais rápido a depender da altitude

Agência O Globo - 05/10/2023
Teoria de Einstein explica por que pessoas que moram em andares altos envelhecem mais rápido

Em uma descoberta fascinante apoiada pela teoria da relatividade geral de Albert Einstein, cientistas japoneses demonstraram que o tempo passa um pouco mais rápido para as pessoas que vivem nos andares mais altos dos edifícios em comparação com as que vivem nos níveis mais baixos. Este fenômeno, conhecido como "dilatação gravitacional do tempo", foi estudado em uma série de experimentos que revelaram como a gravidade influencia a percepção do tempo em diferentes altitudes.

Em 2010, o Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia (NIST) dos EUA mediu a diferença na velocidade do tempo entre um ponto na superfície e um ponto em uma mesa de apenas meio metro de altura. Usando relógios atômicos de alta precisão, os pesquisadores descobriram que o tempo no ponto mais alto se movia bilhões de segundos mais rápido do que no nível mais baixo.

O estudo mais recente foi realizado em 2020, quando cientistas japoneses colocaram relógios de treliça óptica, que usam lasers para alcançar uma precisão incomparável, na base e no topo do arranha-céu Tokyo Skytree, que se eleva 450 metros acima do solo.

Os cientistas descobriram que os dias passaram quatro nanossegundos mais rápido no observatório do último andar do que no nível do solo. Esse resultado confirma a previsão de Einstein de que os relógios marcariam o tempo mais lentamente quanto mais próximos estivessem de uma fonte significativa de gravidade, nesse caso, o centro da Terra.

A causa por trás dessa diferença na percepção do tempo está na curvatura do espaço-tempo, que é influenciada pela massa da Terra. Quanto maior a altitude, mais distante se está da massa da Terra, o que resulta em uma gravidade um pouco menor e, consequentemente, em uma passagem do tempo um pouco mais rápida.

Outro fato interessante é que, de acordo com cálculos científicos, a diferença de idade entre o núcleo da Terra e as montanhas do Himalaia é estimada em cerca de 24 meses (dois anos). Esse artigo foi publicado no European Journal of Physics pelos cientistas U. Uggerhoj R Mikkelsen, da Universidade de Aarhus, e J. Faye, da Universidade de Copenhague.

A ideia de que o núcleo da Terra é mais jovem do que a crosta remonta a uma famosa palestra de Richard Feynman na década de 1960 na Caltech. Feynman sugeriu que, devido à dilatação do tempo, o núcleo da Terra poderia ser mais jovem do que a superfície por um período de tempo que ele estimou em um ou dois dias.

A relatividade geral de Einstein sustenta que objetos maciços, como planetas e estrelas, distorcem o tecido do espaço-tempo, resultando em uma força gravitacional capaz de desacelerar o tempo. Consequentemente, um objeto mais próximo do centro da Terra sentiria uma atração gravitacional mais forte, o que significa que um relógio colocado próximo ao núcleo se moveria mais lentamente do que um colocado na superfície. Isso apoia a ideia de que o material que compõe o núcleo da Terra é, de fato, mais jovem do que o material que forma sua crosta.

Embora essa variação na percepção do tempo seja extremamente pequena e não seja perceptível para as pessoas que moram em andares altos de edifícios, é inegável que elas estão vivenciando a passagem do tempo em uma velocidade ligeiramente diferente da de seus vizinhos de baixo. Essa descoberta representa um avanço valioso na aceitação de hipóteses e no progresso no campo da física. (Por La Nación).