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Papa Francisco nomeia 21 novos cardeais, e cinco são latino-americanos; veja

Posse foi celebrada neste sábado; dos nomeados, 18 têm menos de 80 anos e poderão votar nas eleições para o sucessor do jesuíta argentino

Agência O Globo - 30/09/2023
Papa Francisco nomeia 21 novos cardeais, e cinco são latino-americanos; veja
Papa Francisco pede cuidado com as ilusões do mundo virtual - Foto: Reprodução

O Papa Francisco nomeou neste sábado 21 novos cardeais, sendo 18 com menos de 80 anos e, portanto, com direito a votar nas eleições para o sucessor do jesuíta argentino. Primeiro papa latino-americano, Francisco trabalha para ter um Colégio Cardinalício menos ocidental e mais orientado para o Hemisfério Sul.

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A cerimônia solene, o nono Consistório Ordinário desde a eleição do pontífice em 2013, ocorreu na Praça de São Pedro do Vaticano. Os novos cardeais, com suas capas de cor vermelho escarlate — que lembram o sangue derramado por Cristo na cruz — se ajoelharam diante de Francisco para receber o barrete cardinalício e um anel distintivo.

— Coragem, ânimo — afirmou o papa aos novos cardeais, aplaudidos pelos fiéis que exibiam bandeiras de vários países. Entre os nomeados estão diplomatas, conselheiros próximos e homens com experiência. Os perfis refletem as prioridades estabelecidas pelo papa, de 86 anos.

Dos 21 novos prelados que ajudarão o papa no governo da Igreja, cinco são latino-americanos. Durante a cerimônia, Francisco celebrou que os novos cardeais procedem “de todas as partes do mundo” e comparou o colégio de cardeais a “uma orquestra sinfônica em que a diversidade é indispensável”, e disse que cada músico “deve ouvir os demais”.

Ruptura

Sensível às “periferias” e às comunidades minoritárias, Francisco busca promover o clero dos países em desenvolvimento aos principais escalões da Igreja, rompendo com a prática de destacar os arcebispos titulares de grandes dioceses. Na lista de novos cardeais estão vários nomes de regiões com aumento de fiéis, como África, Ásia e América Latina.

— Ele busca os cardeais que correspondam à época. São pessoas que se distanciaram da Igreja antiga, que estão fazendo uma ruptura positiva — explica à AFP um observador da Santa Sé.

Os novos cardeais eleitores do continente são dois argentinos, monsenhor Víctor Manuel Fernández, prefeito do influente Dicastério para a Doutrina da Fé, e Ángel Sixto Rossi, arcebispo de Córdoba, além do arcebispo de Bogotá, o colombiano Luis José Rueda Aparicio.

Outro argentino, Luis Pascual Dri, confessor no Santuário de Nossa Senhora de Pompeia, e o venezuelano Diego Rafael Padrón Sánchez, arcebispo emérito de Cumaná, serão cardeais, mas não eleitores, pois já passaram dos 80 anos.

Entre os novos escolhidos há clérigos de duas áreas geopoliticamente delicadas: o patriarca latino de Jerusalém, a principal autoridade católica na Terra Santa, e o bispo de Hong Kong, crucial para tentar melhorar as relações do Vaticano com a China comunista. A nova lista de cardeais também inclui os arcebispos de Juba (Sudão do Sul), Cidade do Cabo (África do Sul) e Tabora (Tanzânia).

A visão de Francisco

O clero europeu, onde o catolicismo está em declínio, continuará fortemente representado, como oito novos cardeais, incluindo o português Américo Aguiar, de 49 anos, arcebispo de Setúbal. Ele será o segundo mais jovem, atrás apenas do prefeito apostólico em Ulan Bator (Mongólia), Giorgio Marengo, seis meses mais novo.

Outro destaque é a nomeação de três membros da Cúria, o “governo” central da Santa Sé, próximos ao papa: o italiano Claudio Gugerotti, o argentino Víctor Manuel Fernández e o americano Robert Prevost.

A nomeação é acompanhada com atenção por analistas em busca de indícios sobre o rumo da Igreja, devido à idade avançada de Francisco, que precisa de uma cadeira de rodas para os seus deslocamentos e não descarta a possibilidade de renunciar ao cargo, como fez seu antecessor Bento XVI, em caso de declínio de seu estado de saúde.

Após o consistório, a Igreja Católica passa a ter 137 cardeais eleitores, 73% deles (99) nomeados por Jorge Bergoglio, enquanto 21% foram criados por Bento XVI e 6% por João Paulo II. A distribuição pode pesar sobre a maioria de dois terços necessária para escolher o futuro líder da Igreja Católica e de 1,3 bilhão de fiéis, por aumentar a probabilidade de que os eleitores compartilhem as ideias do atual pontífice.

Mas a eleição de um novo papa sempre é imprevisível e, como afirma um antigo ditado romano, “quem entra em um conclave como papa sai como cardeal”.