Geral

'Bruna Marquezine impressiona por ser feroz e vulnerável ao mesmo tempo', diz diretor de 'Besouro Azul'

Atriz brasileira é destaque no filme de porto-riquenho Ángel Manuel Soto como a mocinha da história; longa leva para o universo dos super-heróis, ainda que de forma estereotipada, a cultura latino-americana

Agência O Globo - 18/08/2023
'Bruna Marquezine impressiona por ser feroz e vulnerável ao mesmo tempo', diz diretor de 'Besouro Azul'
Besouro Azul - Foto: Instagram - @brunamarquezine

“Besouro azul”, que chegou aos cinemas na última quinta-feira, quer ser menos um filme de gênero do que de cultura. E consegue, ainda que nem sempre em benefício dos espectadores. O diretor Ángel Manuel Soto (do documentário “Menudos: sempre jovens”), natural de Porto Rico, usa pouco mais de 2h para contar uma história de origem que às vezes lembra os primeiros Homem-Aranha e Homem de Ferro. E encontra alguma originalidade, entre tiradas que de fato fazem rir e estereótipos preguiçosos, na apresentação do primeiro super-herói de origem latino-americana em Hollywood. O protagonista, Xolo Maridueña, é um angeleno de origem mexicana. Bruna Marquezine, a mocinha, é destaque na pele da herdeira conscienciosa da corporação comandada pela vilã, sua tia, papel de Susan Sarandon, um tanto caricata.

— Queríamos ter um elenco majoritariamente latino. E sempre notei que, aqui nos EUA, os brasileiros muitas vezes ficam ‘fora da conversa’ quando tratamos das comunidades de origem latino-americana simplesmente por vocês não falarem espanhol. Era importante pra mim ter a representação brasileira nesta história e fiz a Jenny ser daí— disse Soto, durante as filmagens. Por conta da greve em Hollywood, os atores não deram entrevistas.

Estrela de 'Besouro Azul': Bruna Marquezine usa nome artístico e já pensou ser 'assexuada'

'Besouro Azul': O GLOBO já viu; saiba o que esperar do filme com Bruna Marquezine

A personagem de Bruna é brasileira, filha de Ted Kord, o segundo Besouro Azul (Xolo vive a terceira encarnação do personagem). A atriz fala português em um único momento, mas com efeito certeiro, tem papel de destaque, e faz cenas de ação. Empolgada, no teaser de apresentação nos cinemas brasileiros diz que estar em Hollywood “é uma vitória de todos nós”.

— Vi um vídeo da Bruna para um outro trabalho e me impressionei pelo fato de ela ser, ao mesmo tempo, feroz e vulnerável. Ela parecia muito segura ao encarar a câmera. Tinha os elementos necessários para fazer uma personagem feminina forte e de destaque. Queria justamente aquela Bruna feroz e vulnerável na Jenny. E ela foi incrível. Que sorte a minha de poder contar com ela — diz o diretor.

Par romântico de Marquezine, Xolo Maridueña vive na tela Jaime Reyes, que se torna o terceiro Besouro Azul dos quadrinhos. O espectador encontra o futuro super-herói da DC Comics logo após terminar a faculdade (que fez em Gotham City) de Direito. Sua família, de origem mexicana, vive em Palmetta City (uma espécie de Miami da ficção) em um bairro latino, em vias de ser despejada de sua casa, em parte por ter gasto as economias para pagar a universidade do primogênito. E é justamente por conta de um ato desesperado da Jenny de Marquezine que o menino de bom coração será dominado por um escaravelho alienígena, inicialmente destinado a um projeto de dominação planetária arquitetado pela personagem de Susan Sarandon.

— O núcleo familiar latino é central para a história. Todos moram na mesma casa e são, eles também, os heróis desta história: o pai, a mãe, a avó, o tio e a irmã de Jaime. A ideia é que a gente possa nos ver, latinos, um pouco em cada um deles — diz Soto.

Para os fãs dos quadrinhos, há referências aos dois Besouros anteriores, tiradas sobre personagens centrais do universo D.C. (Batman, por exemplo, é chamado de fascista pelo tio mescla de riponga e cientista maluco), e referências ao pop hispânico (notadamente ao Chapolin Colorado). O foco, às vezes forçado, é na ideia de que as sociedades latino-americanas têm famílias mais unidas e solidárias do que as anglo-americanas. Se a aposta no nicho se refletir nas bilheterias, especialmente as deste fim de semana, uma sequência é garantida, já sugerida no fim e nas duas cenas pós-crédito.

— E temos o trunfo do Xolo. Eu o vi em “Cobra Kai” e ajudou muito o treinamento de artes marciais que ele fez para a série. E ele “é” o Besouro Azul, não só na minha imaginação. Você lê os quadrinhos e o vê lá — diz o diretor, que trabalhou a partir de roteiro do mexicano Gareth Dunnet-Alcocer, do remake de “Scarface”.

Na zona norte do planeta, a crítica foi, em sua maioria, positiva e elogiosa aos protagonistas, especialmente a Xolo, por sua “atuação magnética”. Owen Gleiberman destacou na Variety que “ao contrário da maioria das adaptações de heróis de quadrinhos para o cinema, esta não se leva a sério. Ainda bem”. Entre as vozes dissonantes, o New York Times desceu a lenha nos efeitos especiais “que parecem baratos” e considerou este um besouro “sem mordida”.