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Tributo a Efigênio Moura
O poeta-vaqueiro deixou marcas indeléveis de sua poesia matuta/brejeira e, portanto, vale reproduzir o belo poema intitulado – ZÉFA – que fala de seu amor que não foi correspondido nas suas andanças vivenciadas em Maribondo, Viçosa, Paulo Jacinto, minha terra natal, Pindoba, e, principalmente, em Palmeira dos Índios onde abrilhantou a radiofusão com sua verve poética.
“ ZÉFA, você é ingrata!/ Ingrata cuma ninguém/ É ingrata nessa vida./ Zéfa a tua ingratidão/ Firiu o meu coração/Eu renho no peito a firida./ Diga, Zéfa, diga, diga,/ Diga aqui no meu ouvido, /Prú Jjisus de Nazaré,/ Diga o que foi qui fiz,/ Qui você morre e num diz/ Pruquê é que num me quê./
Zéfa, num me dêxe lôco…/ Sí é pruquê eu sô cabôco/ Qui você num gosta d’eu,/ Sô cabôco, mais trabáio,/ Trabáio pra li sustentá,/ Si você quisé morá/ Numa paióça mais eu./ Já prantei a paiocinha,/Só móde vê se li agrada:/ Tem a frente caiáda,/ O oitão cheio de jinéla, / E eu prantei na frente dela/ Uns oito pés de rozêra, / Incostado numa ingazêra,/ Aonde eu fiz um balanço,/ E onde canta, no discanso,/ Um xexéu-de-bananêra./
Zéfa, eu prantei pra nós / Uns pés de coquêro anão,/ Qu’inda bem num saiu do chão,/ Tem intê cocô vingado;/ Prá quando você tê sede,/ Nas água do côco verde/ Deixá o instambo forrado./ Mas si você num si agradá/ Da paióça e do jardim/ Qui eu fiz pra você e pra mim,/ Prá nós dois juntinho morá,/ Eu tenho que acabá/ C’á paiôça, c’ás rozêra…/ Aonde eu fiz o balanço/ e onde canta, nu discanso,/ o xexéu de bananêra./
E os pés de coquêro anão?/ Já tá tudinho vingado; / E eu, cum ôio do machado,/ Derrubo tudo no chão./ Sei qui é crime, patrão,/ Cortá uma arve vingada,/ Quando as póbe num tem nada/ Cum a nossa separação./ Mas em vista de eu não tê / A Zéfa junto de mim, / Dêxo tudo se acabá. / Quem nasceu móde pená/ Só rema contra a maré; / Pode fazê o que quizé/ nunca chega a miorá./ Por isso, meu bom patrão,/ dêxo corrê tudo as séfa,/ E corro doido atrás da Zéfa / Prá dá-li um abraço, então…/ Dô-li um aperto de mão/ E rio, pra não chorá,/ Eu vou mi bóra me acabá/ Nas brenha do meu sertão!”
Por outro lado, Efigênio Moura imortalizou-se nos versos que fez condenando os políticos que não honram o compromisso com o povo. Aliás, o Brasil vive um momento de crise política aliada à uma grande recessão econômica provocada pelos governos petistas de Luís Inacio Lula da Silva/ Dilma Vana Rousseff. São 14 milhões de desempregados. E, o pior, sem perspectivas desenvolvimentistas a curto/ médio e longo prazos. O Palácio do Planalto virou um balcão de negócios escusos nocivos à Nação.
“ Eu sô um pobe de Cristo/ Não tenho ninhum valô/ Mas devido as baruaidas/ Feitas com o governadô/ Vi que tudo é mamanzada/ O voto num vale nada/ DEIXEI DE SER ELEITÔ./ Eu votava satisfeito / E me julgava filizardo/ Visando nos candidatos / Miora pru nosso estado / Mas já perdi a esperança/ Vô saí logo da dança/ Antes de ser machucado./
A coisa pió do mundo/ É si votá num cidadão/ Prá ele sê deputado/ Prá na câmara sê mandão/ E ao depois de tá eleito/ Abandona o seu conceito./ Tenho visto muitos baruio/ Num bataião, no roçado/ Num tapage de casa/ Num bata de cercado/ Qui os cabocos anafabeto/ Ao depois de incachaçado/ Se mete dentro da fruzarca/ E bate de mão as faca/ E morre tudo grudado./
Não dentro duma assembleia/ Qui tem home de valô/ Todo mundo é indicado/ Pois quaje tudo é dotô/ São home civilizado/ E o que for mais atrazado/ Ainda é meu professô./ Eu sô pobre de leitura/ Sou pobre de tiuria/ Só não sou abobaiado/ Prá conversá arisia/ Uns fala eu fico calado/ Qui eu num sei se/ Nêsse estado/ Eu já vi democracia./ Havia democracia/Mode os homem governá/ Se eu subisse e outro decesse / E chegasse a se conformá/ Mais o que desce tem queixa/ E fala tanto que num deixa/ o que sabe trabaiá./
Se eu brigá cum deputado/ Todo mundo me arrudeia/ Pulícia grita logo: / Prenda êsse cabra de peia/ Mas se o dotô me matá/ Tem lei pra assegurá/ E num oiá nem pra cadeia./ Pur êsse justo motivo/ Resolvi me decidi/ no dia 3 de outubro/ Trato de escapuli/ O deputado qui pensá/ De cum meu voto subi/ Vai perder nessa manobra/ Eu num vô criar cobra/ Mode adepois me inguli./
Se eu só for arreconhecido/ Quando dixerem votô/ E só fizé uma viagem/ Tendo um tito de eleitô/ Fico numa encruziada/ Na bêra de uma estrada/ Debaixo dum pé de páu/ Como um pobe bacuráu/ Gritando amanhã eu vou./ E já acabei de explicá/ Qui nunca tive valô/ No passado num fui nada/ No presente nada sou/ Prá ninguém se aborrecê/ Muito pouco eu sei ler/ E DEIXEI DE SÊ ELEITÔ”. O governador mencionado pelo vate, trata-se do saudoso Muniz Falcão. Organização: Francis Lawrence.
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