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No dia nacional da imprensa
No dia 1º de Junho, debrucei-me no travesseiro em cima da cama para ver, ouvir e ler acerca do noticiário nacional. Vi, ouvi e li sobre tudo o que aconteceu nesta data, desde as “incoerências” de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos a partir de 2017, até as “loucuras” de Kim Jong-woon ou Kim Jung Woon, líder político da Coreia do Norte, general de quatro estrelas do Exército Vermelho e vice-presidente da poderosa Comissão Militar Central do Partido dos Trabalhadores.
Isso sem esquecer as tragédias nas cidades nordestinas, com inundações, alagamentos e desmoronamentos provocados pelas chuvas. Mas o que mais me causou indignação nos noticiários é que os políticos e o homem comum continuam ignorando que “as secas no Nordeste são cíclicas, porque se repetem em ciclos de 10 em 10 anos, mais ou menos.
Faltou a imprensa, falada, escrita e televisada, informar à população que o nordeste já sofreu com mais de 32 estiagens mais ou menos prolongadas entre 1840 (época imperial) e 2017 (período da nova república). Aliás, o Imperador Dom Pedro II, atento aos efeitos conjunturais e transitórios da seca no Nordeste, declarou à nação na Sessão Legislativa do dia 14 de outubro de 1877, que: “… venderei até o último brilhante de minha coroa antes que algum cearense morra de fome…”. Ora, a história sobre a Seca no Nordeste e as ações políticas paliativas como criação do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), entre outras medidas que não resolveram essa questão.
A Seca continua afrontando a natureza nordestina, sem que haja um engajamento das lideranças políticas e dos grandes empresários brasileiros no sentido de combate-la na raiz do problema, em toda sua forma ou estrutura. Pelo contrário, o que se ouve nas rodas sociais é o desprezo pela pobreza e pela miséria reinante nessa região rica de pessoas humildes e de famílias hospitaleiras.
Pois bem, no dia 1º de Junho de 2017 não vi, nem ouvi ou li qualquer comentário ou documentário sobre a “importância” da Imprensa no Brasil. Pelo contrário, chamou-me a atenção o comportamento antiético da grande mídia nacional incentivando às massas para se indignar contra os desmandos no país, mas também violando os princípios constitucionais, na busca de “obter” vantagens indevidas dos erros e das ações de algumas autoridades públicas enlameadas pela desonestidade e pela corrupção desenfreada, que atinge em maior proporção as classes mais necessitadas.
O que vi, ouvi e li pela imprensa em geral foram palavras injuriosas, ofensivas, mentirosas acerca de comportamentos humanos, como se isso elevasse o nível cultural dos eleitores ou expectadores, na ânsia de vender mais jornais ou de aumentar seus índices de audiência e de divulgação.
Por isso, o advogado, jornalista e ex-presidente da Associação Brasileira de Imprensa, Barbosa Lima Sobrinho (1897-2000), exigiu que a Imprensa devesse ter preocupação com a objetividade e com a verdade: “Pela sua própria natureza, a informação jornalística é superficial, colhida e redigida apressadamente. O jornalista não pode esperar, tranquilamente, que a verdade saia do fundo do poço. Desce ao fundo e vai surpreendê-la. Descobre que a verdade tem várias faces e o seu instinto lhe dita que deve atender aquilo que mais interessa aos leitores”. E acrescentava o notável jornalista pernambucano: “O que se pode exigir de um jornal é que ele seja honesto com os seus leitores.
O que se pode exigir do jornalista é que não use de má-fé com seu público, induzindo-o ao erro em matéria de fato, seja pela falsificação das notícias, seja pela sua omissão. Critica-se muito o mau uso que certos jornalistas fazem do poderoso instrumento de que dispõem. Evitemos exagerar a capacidade de bem fazer e mal fazer do jornalismo. Os jornalistas não vivem numa torre de marfim, mas no torvelinho humano. (…) A Ética de que falamos é aquela que se exige do comportamento do jornalista, honestidade, sinceridade e respeito.
É isso que o público leitor espera dos jornalistas”. Mas, voltando às secas nordestinas, destaco o que minha memória guardou disso tudo. Mesmo diante do sofrimento, o sertanejo sabe conviver com a seca, a estiagem, a falta d’água no campo semiárido, mas ele não consegue compreender porque a “corrupção” é mais importante no noticiário nacional. Pensemos nisso! Por hoje é só.
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