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A força dos exemplos salutares
Lembra-nos Silvio Ferraz de Arruda os últimos momentos por que passara Antônio Carlos de Mariz e Barros. Na guerra do Paraguai, aconteceu que uma granada inimiga explodiu, atingindo vários soldados brasileiros, entre os quais se encontrava Matriz e Barros.
Dado o grande estado em que ficou o comandante do “Tamandaré”, “houve necessidade de se fazer a amputação da perna atingida”. A cirurgia foi efetuada sem anestesia. O operado foi transportado para o navio “Onze de Junho.” Era o navio-hospital. No amanhecer do dia seguinte, Mariz e Barros deixou uma recomendação aos companheiros que estavam a seu lado: “Digam a meu pai que eu sempre honrei seu nome.” Logo depois entrou em óbito.
Indiscutivelmente em tais palavras, nos últimos momentos de sua breve existência, há sinal evidente de que observamos quanto um filho agradece os bens conselhos e principalmente os bons exemplos dados por seu genitor.
Gostaríamos de lembrar as palavras do padre Manuel Bernardes referentes ao exemplo que se dá: “Não há modo de mandar mais forte e mais suave que o exemplo: persuade sem retórica, impele sem violência, convence, sem debate, todas as dúvidas, desata e corta caladamente todas as desculpas”.
Não se pode contestar o que disse Samuel Johnson: “O exemplo é sempre mais eficaz do que o preceito”. O exemplo pode ser comparado a uma semente fecunda. E é verdade que se as palavras comovem, os exemplos arrastam.
Vamos mencionar um fato ocorrido em Juazeiro do Norte, entre um seminarista e o Padre Cícero. O seminarista chegou a ser padre, depois foi bispo e por fim arcebispo. Seu nome era Hélder Câmara. Este contava que, como seminarista pobre, andou pelo Juazeiro atrás de angariar assinatura de um jornal.
Conseguindo seu intento, teria alguma contribuição financeira, para ajudá-lo na sua caminhada para o sacerdócio. Foi falar com a figura de grande relevância, naqueles tempos: Padre Cícero. Quem não quisesse fazer assinatura, comprasse, pelo menos, um jornal. Eis a resposta dada pelo sacerdote:“Meu filho, você é um seminarista. Amanhã será um ministro de Deus. Não cabe no coração do cristão e do sacerdote a vingança. Esse jornal, que você pede para que eu divulgue, ataca-me sempre e nunca permite que eu me defenda. Mesmo assim perdoo a todos que espalham esse mal. Hoje recomendarei aos meus amigos que comprem este jornal.”
Esta atitude de Padre Cícero deve ter emocionado o jovem seminarista. Dar o exemplo do perdão a quem nem pediu nem se arrependeu. Além disso, o atendimento imediato do pedido. Não ficou para mais tarde. Disse o padre: “Hoje recomendarei…” É como diz o adágio: Bis dat, qui cito dat (Quem dá depressa dá duas vezes).
Eis por que Dom Hélder contou várias vezes essa atitude do sacerdote que o atendeu generosa e cristãmente. Não resta dúvida: os exemplos salutares ficam gravados na lembrança.
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