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Valorizem-se os desvalorizados

09/09/2016
Valorizem-se os desvalorizados

Faz poucos dias que foi celebrada a festa de Nossa Senhora dos Prazeres, padroeira da Arquidiocese de Maceió. Cada paróquia foi mobilizada com a finalidade de conseguir roupas e calçados para os pobres entre os mais pobres.

Há lares tão pobres cujas crianças às vezes ficam sem roupa, porque não têm outra para substituir a que foi ser lavada. Calçado também é peça de luxo para os pobrezinhos. Enquanto alguns têm em demasia, outras não têm o mínimo sequer.

Convém ressaltar que não é a primeira vez que a Arquidiocese de Maceió fez isso. Basta lembrar o que ocorreu no ano passado. Em uma das missas, no dia do término da festa da Padroeira, houve a presença de moradores de rua. Não simplesmente uma presença. Moradores de rua foram escolhidos para a formação de um coral e cantaram na celebração eucarística.

Indubitavelmente ganharam roupa nova e calçado. Além do mais ensaiaram os cânticos e para isso receberam alimentação adequada. Enfim várias pessoas que participaram da missa ficaram comovidas diante dos cânticos dos moradores de rua.

Essas ajudas fazem-me reconhecer que não é tão difícil levar alegria a um pobrezinho. Certa feita fui fazer uma visita a um doente, em sua residência. Era começo de dezembro. Ocorre que uma menina de cerca de sete anos, que já me conhecia, aproximou-se e disse: Quero que o senhor me traga meu presente de Natal. Ocorre que tive informação de que a criança tinha três irmãos. Comuniquei o pedido que me fora feito a uma pessoa generosa e esta me ajudou com alguns brinquedos apropriados.

Até que chegou o dia 24 de dezembro. Eram onze horas, aproximadamente. A porta da casa da menina estava aberta. Chamei por alguém. As crianças estavam em casa. A mãe havia saído para fazer uma faxina em certa residência.

Entrei. A menina que me pediu o presente estava com uma irmãzinha no braço. A irmãzinha tinha cerca de três meses. E aquela criança franzina estava com uma colher de pau, mexendo o feijão que estava numa panela de barro. Para fazer o trabalho, a menina subia numa pedra.
Um dos meninos ganhou uma bola. Soube depois que ele muito pedia à mãe uma bola e ela dizia sempre que, quando tivesse condições, compraria. De fato, notei que o menino ficou muito contente e começou a dar seus chutes com grande euforia.
Distribuídos os presentes, voltei para casa e fiquei com a sensação de que fui presenteado pela alegria que levei às crianças.
Estamos vivendo o chamado Ano Santo da Misericórdia. Começou no dia 8 de dezembro de 2015 e tem seu término no dia 20 de dezembro deste ano de 2016. O Papa Francisco lembra que a família é a primeira escola da criança. A mãe das crianças não foi feliz no casamento, mas não abandonou os seus rebentos. Trabalhava nas casas para alimentar seus filhos.
Infelizmente a ganância sobre os cofres públicos prejudica várias famílias pobres que se tornam miseráveis e as crianças ficam completamente desprotegidas. Elas crescem e ficam sem apoio nas suas fragilidades. Sabem os cristãos que os pobrezinhos são também filhos de Deus. Valorizem-se os desvalorizados.