Quando Sebastião nasceu, seu pai, Coronel Wanderley, dono de terras a perder de vista no sertão, atendeu ao pedido da esposa, Dona Carlota. Bonita e vaidosa, ela não quis amamentar o filho, medo dos seios caírem, contratou uma ama de leite. Tião, bebê bonito, rosado, sorriso permanente nos lábios, chorava ao sentir fome. Ele não gostou do leite dos seios da primeira ama de leite, uma “velha” que dava de mamar ao seu 13º filho. O jeito foi apelar para Gerusa, bela negra da fazenda, acabava de parir dois meninos gêmeos, dois mestiços, ela não revelou o nome do pai.
Entretanto, todos perceberam a semelhança dos gêmeos, a começar pelos olhos verdes holandeses do coronel Wanderley. Negra descendente de rainha africana, alta, porte elegante, seios pontiagudos, convidativos a serem abocanhados. Assim fez Sebastião quando Gerusa ofereceu os seios. Tião mamava muito, quando lhe tiravam a ama de leite, ele chorava, chorava, só acalmava quando chupava os seios da negra. Mamou sem leite até aos 10 anos de idade, só parou porque Gerusa foi sequestrada pelo namorado pistoleiro e se escafederam para bandas de São Paulo. O menino entristeceu, chorou 1.095 noites seguidas, sonhava lambendo dois cuscuzes de chocolate.

Sebastião desenvolveu o corpo rapidamente, parrudo e espadaúdo, diziam ser conseqüência do leite abissínio da rainha negra. Seu pai o flagrou farejando as empregadas. Ao completar 13 anos, o coronel deu-lhe um presente, levou-o à zona em Arapiraca. Sebastião foi desvirginado por uma rapariga, Mundinha, depois fez a vida em Jaraguá, ele a reencontrou quando morou na capital.

Ao completar 32 anos, solteiro convicto, um dos maiores boêmios da cidade, certa noite anunciou em casa, estava a fim de casar com a nova namorada, Ângela, filha do Coronel Genuíno, dono das terras de São José da Tapera. Ótima notícia para família, quatro meses depois noivou. No dia do noivado seus pais lhe deram de presente uma casa, ou melhor, depositaram na sua conta bancaria o que hoje valeria R$ 350.000,00, ele comprasse a casa. A festa de noivado virou a noite. O casamento era de gosto das duas famílias.

Dia seguinte pela manhã, Sebastião foi ao Banco, nunca tinha visto tanto dinheiro na vida, todo seu, presentão. De repente ele percebeu a entrada majestosa de uma bela morena, a deusa não andava, desfilava, dirigiu-se ao caixa, todos olhavam seu generoso decote, tomara-que-caia. Tião extasiado com aquela aparição, a mulher mais bonita, mais atraente, que já vira em sua vida. Ficou surpreso quando ela o olhou fixamente. Esperou a dita cuja na calçada do Banco. Ao aparecer ele foi se apresentando, Sebastião, fazendeiro, advogado. Ela sorriu, perguntou onde se tomava uma cerveja nessa cidade. Tião a levou para uma gostosa barraca de praia, conversaram e beberam toda tarde. Ela, artista de teatro, encenou uma peça no Teatro Deodoro, final da turnê estava voltando para o Rio de Janeiro, onde morava. Terminaram dormindo no Hotel Atlântico. Dia seguinte ela viajou, deixou-o enlouquecido com a noitada de amor; não saiam de sua cabeça os dois seios, duas taças de mel, lembrou Gerusa. Sebastião inventou uma viagem ao Rio. Ficou e amou a deusa morena, Leonor, durante cinco meses, duas semanas e dois dias, até acabar o dinheiro da casa. Sem a grana, ele não mais servia para a famosa artista carioca. Sebastião caiu em si, escreveu duas cartas pedindo perdão, uma para os pais, outra para noiva.

Algumas semanas depois do trágico retorno, Sebastião passeava no calçadão de mãos dadas com a noiva, apareceu o Coronel Genuíno, olhou em seus olhos, foi taxativo. “Vamos marcar a data do casamento”. Três meses depois Tião casava-se na Catedral Metropolitana. As aventuras no Rio de Janeiro ficaram inesquecíveis. Sebastião hoje é um homem pacato, contudo, seu coração ainda bate forte ao ver passar um belo rabo de saia, nunca deixou de sonhar com os seios de Gerusa e Leonor. Nunca se arrependeu da viagem ao Rio.