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Aquarela de Diego

26/05/2016
Aquarela de Diego

Gradativamente vai emergindo do meio do povo, verdadeiros valores, outrora sem vez e nem voz, suplantados pelos ícones das letras, quase não sobrando espaços para outros que teimavam em conquistar lugares, notadamente, na literatura alagoana. Não se pode esquecer o saudoso jornalista e escritor José Jurandir da cidade de Maribondo, que mesmo no período curto de vida, deixou trabalhos memoráveis homem de comunicação, escreveu belas reportagens nos jornais e nos livros, soube imprimir seu nome na história da literatura alagoana. De Cacimbinhas surge a pena pujante e destemida do jovem jornalista e escritor, Jeovan Benjoino, nome de destaque das letras interioranas nesse paradigma, cita-se Djalma Carvalho, o cronista telúrico de Santana, hoje já decano da literatura, só para citar alguns. Eis-que surge nesse cenário, o escritor Diogo Lima, flor que começa a desabrochar às margens do Paraíba, da lendária Paulo Jacinto. O interiorano Diogo Lima, já escreveu três livros, o último Aquarelas para Luisa, espelhou-se, pois, o escritor, na tradicional festa da chita, que se realiza a quase 50 anos naquela cidade situada entre Viçosa e Quebrangulo, cujo evento atrai muitas pessoas. Parece que o autor tende enveredar por duas vertentes, a tradição e a ficção, formando uma obra de incertezas, deixando o leitor sem situar bem, aonde o autor quer chegar, criando alternativas muito próximas, para desfechar o enredo, dentro da trama proposta, faz-se lembrar o escritor Graciliano Ramos, em Angústia, o autor de Aquarelas para Luisa deve ter se afeiçoado as ideias perplexas de Angústia, usando um linguajar não muito próprio da região, percebe-se isso nos interstícios do livro, às vezes deixando o leitor sem entender a sequência da narrativa, quando o autor parece abandonar o roteiro da história, com fatos talvez não correspondentes para retomá-lo a diante, mas essa maneira de escrever de Diego, não deixa de ser interessante, que vai prendendo o leitor até o fim. Parece que toda história se desenrola na sua cidade natal, Paulo Jacinto, mormente o tradicional baile da chita, pintada com as cores que vão surgindo no decorrer da história, formando as Aquarelas que permeiam o livro. Escreveu Colly Flores: “bonito não é o que escreve, mas o que se escreve”. Aos poucos, Diego em sua obra vai crescendo aos olhos do leitor, que acaba se encantando com a perfomasse da obra, e parece estar no baile da chita. Queria passear numa tarde de verão, ombro a ombro com seu filho imortal, Laurentino Veiga, escritor e cronista primoroso, nas ruas desiguais de Paulo Jacinto, sentir o frio da boca da noite, vindo das águas salobras do Parnaíba que serpenteia parte da cidade, sentar-me na praça da matriz de mãos dadas com Luisa, rezar na matriz cinquentenária da senhora das graças e ouvir o sermão bem feito do saudoso de Monsenhor Tertuliano Lima, sentar-me na calçada do escritor Diogo Lima para falar de Literatura, enquanto aguardávamos os primeiros acordes da banda no clube da chita, no burburinho da juventude que passa a passos céleres rumo ao baile da chita.