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O trabalho
Apresento alguns trechos de uma palestra que tive oportunidade de apresentar, em determinada reunião do Rotary Club. Tema da palestra: O Trabalho.
Não tem o homem o direito e o dever de conservar a vida? Não necessita dos meios para a sua subsistência? Pelo trabalho, o ser humano vai auferir o pão para viver e conservar a vida. Trabalhando, ele obedece racionalmente a uma lei comum aos seres vivos. Diz-se racionalmente, porque, até em se tratando da parte física, o ser humano distingue-se do animal irracional. Na verdade o bruto pasta e o ser humano tem consciência de que se alimenta.
Suponhamos, porém, que alguém tenha nascido num berço de ouro, num palácio de mármore, a ponto de não sentir necessidade de se movimentar para ganhar o pão. Mesmo dentro dessa hipótese, haveremos de convir que o trabalho não é apenas um direito mas um dever.
Se o homem não trabalha, não desenvolve suas aptidões físicas e intelectuais. O trabalho racional, longe de diminuir o homem, leva-o a realizar-se. Tenhamos em mente que o trabalho físico, o trabalho técnico, o trabalho intelectual não têm diferença de natureza, mas simplesmente de grau.
Com efeito, mesmo o homem inculto tem a vontade orientada pela inteligência. Consequentemente, seja qual for o grau do trabalho, ele tem valor extraordinário, como meio de realização pessoal. Pelo trabalho, o ser humano alcança os meios necessários à sua vida de sua família, cooperando para o progresso da humanidade.
O trabalho é uma alta missão. É, para o ser humano, uma espécie de colaboração inteligente e efetiva com Deus Criador.
Após várias palavras concernentes ao trabalho, vejamos algo do muito que disseram sobre ele. O trabalho afasta de nós três grandes males: O tédio, o vício e a necessidade (voltaire). O trabalho só espanta as almas fracas (Luís XIV). Viver sem trabalhar é a primeira maldição desta vida (Paolo Mantegazza).
Rui Barbosa assim se expressou: “O trabalho não é castigo; é a santificação das criaturas. Tudo o que nasce do trabalho é bom. Tudo o que se amontoa pelo trabalho é justo, tudo o que se assenta no trabalho é útil. Por isso, a riqueza, o capital, que emanam do trabalho, são, como ele, providenciais”.
Por sua vez, assim escreveu Ramon Cajal: “Santa fadiga do trabalho! Tu nos proporcionas o sono reparador, consolo único do pobre, do peregrino e do postergado”.
Alguém poderia perguntar: Por que se fala sobre o trabalho? Não seria melhor deixar para o Dia do Trabalho? Creio ser urgente, uma vez que certo jornal lembrou que, antes do fim do ano, haverá quase dez milhões de jovens desempregados.
Com efeito, é alarmante o que acontece: inflação desenfreada, casas comerciais fechando suas portas, desemprego assustador, juros altos e ganância em aumentar impostos. Conclui-se que se está falando sobre o trabalho, pela falta de trabalho.
Houve até quem quisesse justificar a atual situação do Brasil, que é devido ao que aconteceu na China, que teve diminuição no seu crescimento econômico.
É melhor deixar a China de lado e envidar esforços para que o Brasil não fique à deriva. Não se venha, com uma espécie de desculpa, dizer o que certo humorista costumava afirmar: “Pior seria se pior fosse”. Envidem esforços, para salvar o Brasil, os que foram escolhidos para assim fazer.
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