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Agressão ao sistema “S”

13/10/2015
Agressão ao sistema “S”

                                               É conhecida a dificuldade do governo para fazer o seu ajuste fiscal.  Em meio a essa confusão, até propostas estapafúrdias acabam sendo feitas, como é o caso de sequestrar os recursos financeiros do Sistema S.  Até há pouco, falava-se em prestigiar o Pronatec.  Anunciava-se um programa de 12 milhões de técnicos.  Depois, o número baixou consideravelmente, mas com a política de despir um santo para vestir o outro.  Retirar 8 milhões do Sistema S e colocar nas contas baleadas do governo é condenar entidades beneméritas como o Senac, o Senai o Senar, o Sesc, o Sesi, o Sebrae, a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial e a Agência Brasileira de Exportação e Investimentos a praticamente  fechar as portas, como algumas chegaram mesmo a anunciar.  Só o Sesc estima perder cerca de 27 mil funcionários, além de inviabilizar o atendimento de  200 mil alunos no Rio de Janeiro.

                                               No caso do Sebrae, o corte programado, se vier a ser confirmado, pode levar a entidade a cobrar pelos seus serviços ou reduzir o número de 8 milhões de microempresários atendidos por ano.  Já imaginaram o prejuízo?

                                               A se confirmar a crise, será a  maior dos mais de  70 anos de existência do Sistema S, nascido na década de 40, quando Gustavo Capanema era ministro da Educação.  Foi autor das célebres e consagradas  Leis Orgânicas do Ensino Industrial e do Ensino Comercial, até hoje vigentes.       

                                               A prova da competência do Senai,  por exemplo, pode ser medida pelo fato de mais de 60% dos seus alunos estarem empregados, mesmo com a retração do mercado.  A entidade, nos 1.008 cursos oferecidos, forma cerca de 90 mil alunos por ano em 30 segmentos industriais.

                                               Só mesmo um gênio do mal para mexer  no setor, provocando a reação  indignada  de dirigentes como Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo.  Os números do Senai, por exemplo, são espetaculares: 3,64 milhões de matrículas no ano  passado, dos quais  1 milhão ministrados na modalidade do ensino  à  distância.  Já o  Sesi  formou 217  mil jovens e adultos.

                                               Com essa absurda intervenção do governo, uma hipótese provável seria passar a cobrar pelos cursos, mas não há dúvida de que isso representaria um baque nas matrículas.  É a fórmula encontrada de prestigiar o que entendemos por ensino profissional?!

                                             A se confirmar a pretensão oficial, haverá uma série de perdas nos programas hoje vigentes de Educação (sobretudo a construção de  creches), Saúde, Cultura e Esporte.  Haverá uma drástica redução de matrículas e a possível perda de gratuidade nos cursos profissionais do Senac.  Enfim, uma queda considerável de substância, como se pudéssemos nos dar ao luxo dessa perda inoportuna.