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Rosalvo Ribeiro

29/10/2014
Rosalvo Ribeiro

O município de Marechal Deodoro passou à história, alagoana e brasileira, por, além de haver sido a primeira capital da província, ser o berço da família Fonseca, cujos filhos ilustres, dentre eles o Proclamador da República, tiveram destacada atuação no cenário nacional. Foi também ali, em 26 de novembro de 1867, quando ainda se chamava Cidade de Alagoas, que nasceu o filho do capitão da guarda nacional, Rosalvo Alexandrino, e de dona Josefina Izília de Caldas Ribeiro, batizado na secular matriz de Nossa Senhora da Conceição com o mesmo nome do pai.
No afã de oferecer uma melhor instrução à família, o casal mudou-se para Maceió, onde Rosalvo freqüentou o Colégio Bom Jesus, cursando Humanidades e, depois, técnicas de Desenho e Pintura no Liceu de Artes & Ofícios. Seu talento adolescente já começara a despertar atenções pelos bons “crayons” de pessoas e paisagens que realizava, sob encomenda e a preços acessíveis. Em 1884, o próprio Presidente da Província, Bacharel Henrique de Magalhães Passos, encomendou-lhe um retrato e tão satisfeito ficou com o resultado que conseguiu da Assembléia Provincial a concessão de uma bolsa destinada a custear os estudos do jovem alagoano na Imperial Academia de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Daí para o sucesso, foi um pulo. Ao final do ano letivo, Rosalvo Ribeiro, que lograra obter a primeira classificação entre seus colegas, foi agraciado com uma medalha de ouro que também correspondia a uma bolsa de estudos, na Academia Julien, em Paris, onde desembarcou em setembro de 1888.
No Brasil, vivia-se a euforia da abolição da escravatura e sonhava-se com a República. Na França de tão famosas tradições culturais, despontava o jovem alagoano, discípulo dos grandes da época, como Jules Lafebre. Aluno de outras instituições famosas, com o padrão da École des Beux Arts, fez amizades com pintores do porte de Edouard Detaille, responsável pela decoração artística do Hotel de Ville ( hoje Prefeitura de Paris) e do Pantheon. Descobriu a pintura militar, que exaltava os atos de heroísmo e resistência dos soldados franceses. Teve telas premiadas. A Rendição, a Carga, a Submissão, Avançar e a Sentinela Perdida são alguns, dentre tantos outros quadros, que imortalizam essa fase de sua inspiração.
O forte da produção, contudo, poder-se-ia dizer, foi fazer retratos, pintar gente. Retornou ao Brasil e a Alagoas em 1901. Famoso além-mar, não encontrou na terra mãe a mesma ressonância para o seu talento, de inspiração tipicamente européia. Suas paisagens demonstram que se encantou muito menos com a riqueza das luzes, flores, mares tropicais e translucidez da natureza nordestina do que o fizera com as estepes, a luminosidade outonal e os nevoentos invernos de Paris. Foi como retratista de personalidades famosas e abastadas e como professor de Desenho que conseguiu sua modesta manutenção, até 29 de abril de 1913, quando faleceu, aos 46 anos de idade, vítima da então incurável tuberculose.
O Palácio Marechal Floriano, sede do governo, detém um considerável acervo da obra do mestre. Aprendi a admirá-lo, como alagoano e como requintado artista e vibrei quando, em 1998, o Instituto Histórico e Geográfico, na pessoa de seu dinâmico presidente, Jayme Lustosa de Altavila, fez editar o catálogo Redescobrindo Rosalvo Ribeiro, na tentativa de levar ao conhecimento de um maior número de alagoanos o talento e a genialidade desse conterrâneo que merece nossa admiração e o respeito indelével da posteridade.