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Presidente João Figueiredo

14/01/2014
Presidente João Figueiredo

O primeiro contato que mantive com o general João Baptista Figueiredo ocorreu na época em que, já eleito governador de Alagoas, eu definia a composição da equipe governamental, e ele exercia as funções de Ministro Chefe do Serviço Nacional de Informações. O professor José de Melo Gomes era meu candidato à secretaria do Planejamento, mas, seu nome sofrera, por parte do SNI, restrições para ocupar a Pasta.
Em audiência com o Presidente Geisel, ressaltei as qualidades superiores que norteiam o caráter de José de Melo e assumi a responsabilidade pela correção de suas atitudes. O presidente interfonou para o ministro recomendando que ele me recebesse e encontrasse uma saída para o assunto. José de Melo foi, que eu saiba, o único secretário de Estado a merecer o endosso de dois presidentes da República, já que Figueiredo substituiu o General Geisel na primeira magistratura do país.
João Baptista Figueiredo era um homem que não enganava homens. Ele era autêntico na sua maneira de ser e proceder. Julgando-se “presidente em missão”, não possuía a paciência necessária para discutir os complexos problemas administrativos e financeiros e, muito menos, para lidar com a classe política.
Vivendo, já, a fase de abertura da liberdade de imprensa, transformou-se num alvo fácil para as maledicências das interpretações errôneas de suas atitudes. Frases reveladoras de sua autenticidade eram colocadas como agressões a segmentos da sociedade brasileira.
Quando da posse do Presidente Figueiredo, eu era deputado federal e assisti, apenas, à solenidade no Congresso Nacional, pois, preferi ficar entre os poucos que acompanharam o general Ernesto Geisel ao aeroporto da Base Militar, de onde viajaria para o Rio de Janeiro a caminho do seu retiro, o Recanto dos Cinamomos, em Teresópolis.
Em meu segundo mandato como governador, mantive, por força do cargo, contatos, mais amiúde, com o presidente, quando tive oportunidade de melhor conhecer sua personalidade.
Homem forte, até para os padrões da caserna, o general Figueiredo realizou um governo que refletia, naturalmente, esse aspecto. Sucedendo ao Presidente Geisel, um estadista determinado a fazer a mutação política do regime, pode-se dizer que Figueiredo deu alguns passos decisivos, nesse sentido, a partir do avanço já assinalado pelo seu antecessor. Pouco afeito às armadilhas das colocações políticas, Figueiredo era homem direto em suas afirmações. Direto até demais, conforme alguns observadores. E isso o levou a ter, contra si, as próprias forças que, normalmente, o deveriam apoiar.
João Baptista Figueiredo, apesar de ter sido o último presidente da chamada fase revolucionária, encontrou, ainda, muitos obstáculos a superar, inúmeros problemas delicados a resolver. A época tumultuada, principalmente pela legítima ansiedade de recondução do país ao Estado de Direito, determina uma perspectiva histórica para melhor julgamento do Presidente Figueiredo e de seu governo.