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Com os termômetros nas alturas, veja onde encontrar pontos públicos de hidratação no Rio
Prefeitura mantém 240 espaços para beber água e fugir do calor nas Clínicas da Família e Unidades de Pronto Atendimento; já o governo do estado tem 27 locais disponíveis
O verão chegou chegando, e com os termômetros nas alturas. Só esta semana — a estação mais quente do ano começou no último domingo —, a temperatura máxima bateu os 40ºC duas vezes: na terça-feira e nesta quinta, dia de Natal, quando, de acordo com o Alerta Rio, foram registrados 40,1ºC na estação de medição de Guaratiba, na Zona Oeste da cidade. E isso é só o começo.
Calor no Rio:
Rio 40 graus:
— O Estado do Rio será marcado por temperaturas bem altas nesse verão. Até haverá períodos mais amenos, devido à formação de áreas de instabilidade e corredores de umidade, mas, no geral, as pessoas vão enfrentar dias bem quentes, com bastante calor — diz César Soares, meteorologista da Climatempo.
Diante desse cenário, a orientação básica é beber água. Para quem precisa estar na rua em meio ao calorão, uma das alternativas é recorrer aos pontos públicos de hidratação espalhados pela capital e por outras áreas do estado. São 240 mantidos pela prefeitura, e 27 pelo governo do estado — estas são sinalizadas com uma placa em que se lê: "Ponto público de hidratação. Beba água, proteja sua saúde”.
Os centros de hidratação são encontrados em Clínicas da Família e Unidades de Pronto Atendimento (UPA), onde o público pode entrar, usar o bebedouro, sentar e aproveitar o ar-condicionado, para alívio e conforto térmico. No início do mês, O GLOBO percorreu sete pontos destes, em Bangu e Realengo, na Zona Oeste; em Madureira, Zona Norte; e em Botafogo, Zona Sul. Em todos eles, foram encontrados ambientes bem climatizados, com oferta de água natural e gelada e assentos e banheiros à disposição das pessoas.
Nas UPAs administradas pelo estado, o bebedouro é instalado na área externa. Quem quiser beber água deve ir à recepção e solicitar copo descartável. Em Bangu, o GLOBO encontrou a empreendedora Júlia de Oliveira, de 36 anos, tirando um tempo para se hidratar:
— Bangu é quente demais. Às vezes, a temperatura aqui passa de 43ºC. Em dias de calor extremo, praticamente não dá para andar na rua. Nem inverno direito nós temos. Então, acho que ter um local de hidratação é uma necessidade básica para os moradores. Se a pessoa não tiver acesso à água, ela passa mal. É muito comum aqui no bairro encontrarmos pessoas vendendo água no sinal, em vários pontos. E não é água cara, não. É a R$ 2, porque as pessoas compram muito.
Na Clínica da Família Antônio Gonçalves da Silva, em Realengo, um grupo de crianças estava reunido em torno do bebedouro em busca de refresco.
— Eu venho periodicamente por causa do meu neném. E sempre tem alguém de fora vindo usar o bebedouro. As crianças saem da escola e, a caminho de casa, passam aqui e bebem água, porque o sol está lascando. Aqui é livre. Se você quiser entrar, sentar e beber água, pode — contou a autônoma Raquel Gonçalves, de 22 anos.
Na UPA de Botafogo, uma das duas torneiras do bebedouro estava com defeito e interditada com esparadrapo. Procurada, a Secretaria de Estado de Saúde informou que substituiu o equipamento.
— Eu entrei, pude usar o banheiro, pegar um arzinho e uma água gelada. Lá dentro está fresquinho — descreveu a ambulante Maria Gomes, de 64 anos, que trabalha no entorno da unidade.
Os outros locais visitados pelo GLOBO foram as clínicas da família Rosino Baccarini, em Bangu, e Souza Marques, em Madureira, e a UPA de Realengo.
A Prefeitura do Rio informou que todas as 240 unidades de Atenção Primária estão aptas ao atendimento de pessoas com sintomas causados pelo estresse térmico e que necessitem de hidratação, seja venosa (soro diretamente na veia) ou oral, com sais de hidratação, conforme indicação clínica. E que os casos mais comuns em períodos de calor extremo são mal-estar e pressão alta. O município disse ainda que, conforme previsto no Protocolo de Enfrentamento ao Calor Extremo, caso a cidade atinja a partir do Nível de Calor (NC) 4, as unidades de saúde farão ajustes nos fluxos de trabalho para ampliar a sua capacidade de atendimento. O NC4 é atingido quando a cidade registra temperaturas entre 40 e 44 graus por, ao menos, três dias consecutivos.
A Cedae, por sua vez, disse, em nota, que implementa ações para garantir a hidratação e o conforto térmico da população durante períodos de calor intenso, como a instalação de tendas de distribuição de água potável em pontos de grande circulação: "Essas iniciativas são planejadas de acordo com os níveis de calor definidos por institutos de meteorologia, o que permite à companhia desenvolver e reforçar as ações conforme as necessidades".
Clique, para acessar a lista completa dos pontos públicos de hidratação da Prefeitura do Rio, e neste para ver os do governo do estado.
Refúgios climáticos
Em outra frente, há o Programa Estadual de Refúgios Climáticos, que tem como proposta garantir proteção à população durante eventos climáticos extremos, como ondas de calor, chuvas intensas e secas. A lei (10.960/2025) que institui o projeto, sancionada pelo governo do estado em setembro, determina que poderão servir como abrigos espaços públicos — entre eles, escolas, bibliotecas, museus e equipamentos culturais — e locais privados credenciados, desde que atendam a requisitos mínimos de infraestrutura. Os locais deverão oferecer ventilação, climatização, água potável, banheiros, áreas de descanso e acessibilidade para pessoas com deficiência e mobilidade reduzida.
De autoria do deputado Yuri Moura (PSOL), a lei diz que os espaços devem ser instalados em regiões com grande circulação e maior vulnerabilidade a eventos climáticos extremos.
— A ideia é que um refúgio consiga dar conta de pelo menos uma das quatro questões que nos preocupam num cenário de mudanças climáticas: inundação, deslizamento, calor e frio. Como a Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) é imune a todos esses problemas, há uma discussão em curso para que a Casa se torne o primeiro refúgio climático do estado, possivelmente já em janeiro. Estamos discutindo com a presidência sobre a estrutura da casa, os procedimentos internos de acesso ao prédio para esse fim, qual lugar vai receber as pessoas e as adaptações necessárias na infraestrutura — revela o parlamentar.
O deputado afirma que vai se reunir com o governo do estado a fim de definir estratégias para que a população saiba a quais lugares recorrer durante contextos de emergência. Uma delas é cadastrar os refúgios no Google Maps, indicando sua finalidade.
— A proposta dos refúgios climáticos surge a partir de uma viagem que eu fiz para a Catalunha (Espanha), em janeiro. Há muitos anos, eles criaram nas áreas urbanas os pontos de alívio térmico. Quando voltei para o Brasil, comecei a debater com especialistas da UERJ a possibilidade de adaptar isso para o Brasil, indo além da questão do calor, até porque eu tenho experiências em defesa civil, fiz uma pós na área e vivi tragédias em Petrópolis, onde fui vereador — conta.
A lei define que o Estado do Rio será responsável pelo credenciamento e adaptação de espaços públicos para transformá-los em refúgios climáticos, processo que deverá incluir a realização de avaliação técnica pelos órgãos competentes. O governo deverá ainda sinalizar e identificar de maneira clara e visível todos os equipamentos públicos e privados que funcionem como abrigos climáticos, utilizando símbolos e placas específicas que indiquem sua função, de modo a facilitar o acesso da população em situações de emergência.
Perguntado sobre se já existe um cronograma para que a solução seja posta em prática, o governo do estado diz apenas que "está avaliando a melhor forma de implementar a iniciativa" e que, para isso, "estuda a definição de atribuições e critérios para que a medida possa ser executada".
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