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Fiscais da Seop interditam obras para implantação do Club do Bet, no Hipódromo da Gávea

Entendimento da prefeitura é que o estabelecimento não tem autorização, uma vez que a licença foi cassada após um decreto que proibiu as videoloterias na cidade

Agência O Globo - 23/12/2025
Fiscais da Seop interditam obras para implantação do Club do Bet, no Hipódromo da Gávea
Imagem ilustrativa gerada por inteligência artificial - Foto: Nano Banana (Google Imagen)

Fiscais da Secretaria municipal de Ordem Pública (Seop) interditaram, no fim da tarde desta segunda-feira, as obras para a , no Hipódromo da Gávea, Zona Sul do Rio. O entendimento da prefeitura é que o estabelecimento não tem autorização, uma vez que a licença foi cassada após um decreto que proibiu as videoloterias na cidade.

Entenda:

Videoloteria:

O GLOBO já procurou o Clube do Bet e a Loterj e aguarda um posicionamento.

O Clube do Bet pretende instalar 116 Video Lottery Terminals (VLTs) em um bar, de acesso proibido a menores de 18 anos, sob as arquibancadas do hipódromo. A medida, no entanto, contraria um decreto de agosto, ainda em vigor, assinado pelo então prefeito em exercício, Eduardo Cavaliere, que proibiu a atividade de videoloteria na cidade, tendo inclusive anulado um alvará que havia sido emitido em julho.

Já o presidente da Loterj, Hazenclever Lopes Cançado, disse que o Clube do Bet apresentou todos os documentos e alvarás previstos no decreto do governador Cláudio Castro que regulamentou a prática:

— A gente estima que, em até três anos, sejam instalados 20 mil equipamentos em todo o estado. O interesse de empresas tem sido grande. Na capital, já existem imóveis em adaptação para instalar os equipamentos, como em um prédio de três andares na Rua Olegário Maciel (Barra da Tijuca) e em outro endereço no Recreio dos Bandeirantes. Operadoras informaram que querem abrir casas com VLTs em Camboinhas (Niterói), Búzios (três pontos), Campos, Petrópolis, São João de Meriti, Duque de Caxias, Magé, Miguel Pereira, Macaé, Volta Redonda e Rio das Ostras — enumerou o presidente da Loterj.

Fim do monopólio do crime:

Semelhança com caça-níqueis

O design e a forma de jogar nos VLTs são semelhantes aos das máquinas de caça-níqueis, proibidas por serem jogos de azar. A Loterj afirma, no entanto, que os novos terminais podem ser monitorados em tempo real e estão sujeitos a auditoria permanente.

— Cerca de 90% das apostas serão premiadas (mesmo que por valor inferior ao apostado), como nas loterias de papel. E o sistema vai gerar impostos para União, estados e prefeituras — argumentou o presidente da Loterj, Hazenclever Lopes Cançado.

Programa de memória:

A análise das máquinas do Clube do Bet — por amostragem — começou nesta segunda-feira na Loterj. Funcionários do órgão, entre advogados e técnicos em TI, passaram a tarde fazendo o que é conhecido como Prova de Conceito. Eles analisaram a documentação e inspecionaram oito das 116 máquinas que devem ser instaladas na Gávea. Elas foram transportadas até a sede da Loterj, na Rua Sete de Setembro, por dois caminhões. Até o início da noite, nenhuma irregularidade tinha sido encontrada.

Segundo a Loterj, os ambientes de apostas serão controlados por meio de um sistema de biometria facial dos clientes. Além do acesso de menores de 18 anos ser proibido, as apostas só poderão ser pagas por Pix, para identificar a origem e o destino do dinheiro. A fiscalização da atividade será mediante leitura de um QRCode gravado na máquina, que, segundo a Loterj, seria preservado mesmo em caso de incêndio. O código tem a data de licenciamento, o número de série da máquina e o endereço para o qual foi dada a autorização de funcionamento.

O Clube do Bet informou que, em princípio, pretende funcionar do meio-dia às 6h da manhã do dia seguinte, de domingo a domingo. E que pretende iniciar a operação assim que a concessão da licença pela Loterj for oficializada em publicação no Diário Oficial do estado.

Regime de Recuperação:

Herdeiros do bicho

Primeiro a ter máquinas aferidas pela Loterj, o Clube do Bet tem entre os sócios, seja como pessoas físicas ou jurídicas, parentes de contraventores do jogo do bicho. No início do processo de licenciamento, entre os que constavam como sócios estava Marcelinho Calil, neto do bicheiro Antonio Kalil (Turcão) e filho de Marcelo Calil, presidente de honra da Unidos do Viradouro, além de Ailton Guimarães Jorge Júnior, filho do Capitão Guimarães, e Fernando Andrade de Lima Souto, primo do bicheiro Rogério de Andrade.

Hazenclaver disse que a análise da documentação é técnica e não há impedimento jurídico para participação de parentes de contraventores. O Clube do Bet foi na mesa linha. Informou que “nenhum dos sócios tem condenação criminal que os impeça de participar de qualquer licitação e que não cabe na análise buscar genitores ou parentes”.