RJ em Foco
Youtuber preso por suspeita de crimes sexuais contra menores no Rio tinha relógio com câmera escondida e diversos bichinhos de pelúcia
Floyd L. Wallace Jr. foi preso por agentes da Dcav em São Paulo tentando fugir do país
Um youtuber norte-americano, de 30 anos, suspeito de estuprar e explorar sexualmente crianças e adolescentes no Rio de Janeiro, foi preso nesta segunda-feira em São Paulo, após uma investigação que teve início a partir da denúncia de um motorista de aplicativo sobre uma corrida considerada suspeita entre ele e menores de idade. O preso é o Floyd L. Wallace Jr., cidadão dos Estados Unidos, apontado pela polícia como pessoa de "extrema periculosidade" e com histórico criminal em mais de 13 estados norte-americanos. Com ele, os agentes da Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV/RJ) encontraram celulares, notebook, cartões de memória, pendrives, relógio com câmera escondida, além de diversos bichinhos de pelúcia.
Suplente é preso por suspeita de
Operação Sub Judice:
As investigações da Polícia Civil do Rio começaram após o recebimento de um relatório técnico encaminhado pelo Ministério da Justiça, alertando para "a possível prática de exploração sexual de menores por um cidadão norte-americano na capital fluminense". O documento teve como ponto de partida um report da Uber Investigações Globais, elaborado após denúncia de um motorista do aplicativo.
Segundo o relato, no dia 8 de dezembro, o usuário identificado como “Terry William” solicitou uma corrida com embarque na Rua Lino Teixeira, no Jacaré, comunidade na Zona Norte do Rio. Ao chegar ao local, o motorista constatou que as passageiras eram duas menores de idade. Durante o trajeto, ao conversar com elas, o condutor passou a desconfiar da situação ao ouvir que as menores seriam levadas para encontrar um homem mais velho, “de pele escura”, que “não falava português”.
Ainda de acordo com o motorista, as adolescentes não conseguiram explicar de forma consistente como conheciam o homem nem para onde exatamente estavam indo, o que levou ao acionamento imediato do suporte da plataforma e ao registro da ocorrência como situação de risco.
Após a denúncia, a Uber iniciou uma análise interna da conta “Terry William” e identificou que o usuário havia criado e utilizado diversas contas de passageiro ao longo dos anos, associadas a nomes fictícios ou de terceiros. Com base em trabalho de inteligência, monitoramento digital e cooperação com a HSI, as autoridades chegaram à identificação do usuário.
Passagens em 13 estados americanos
Informações enviadas pela agência norte-americana para a polícia do Rio apontam que Wallace possui histórico criminal em mais de 13 estados dos EUA, com registros por resistência à prisão, conduta desordenada e agressão a policial. O documento também recomendava cautela na abordagem e indicava a necessidade de apuração sobre possível tráfico de narcóticos. Segundo os dados compartilhados da inteligência, o investigado estaria desempregado, o que reforçou a suspeita de que suas viagens internacionais seriam financiadas com a finalidade de exploração sexual.
Durante a apuração, a polícia identificou ainda que, no dia 18 de dezembro, o mesmo usuário teria solicitado outra corrida, desta vez no bairro do Rocha, Zona Norte do Rio, transportando quatro meninas com idade inferior a 18 anos até o bairro de Santo Cristo, na região portuária.
As investigações também apontaram que o norte-americano se autodeclarava em seus canais no YouTube como “turista sexual” e “passport bro”, termo usado para designar homens, em geral oriundos de países desenvolvidos, que viajam para regiões mais pobres ou socialmente vulneráveis com o objetivo de obter vantagens em relações sexuais, explorando desigualdades econômicas e culturais. Em vídeos, Wallace demonstrava intenção explícita de se deslocar para outros países com esse objetivo.
No dia 20 de dezembro, o investigado deixou o Rio e seguiu para São Paulo, passando a ser monitorado de forma contínua pela DCAV/RJ, com apoio do CIBERLAB. Diante das fundadas suspeitas de que ele tentaria fugir do Brasil, a Polícia Civil representou ao plantão judiciário pela prisão temporária, além de busca e apreensão, afastamento do sigilo de dados e retenção do passaporte. As medidas foram deferidas após parecer favorável do Ministério Público.
Wallace foi preso na Rua Conselheiro Furtado, no bairro da Liberdade, região central de São Paulo, em uma operação integrada entre as polícias civis do Rio e de São Paulo. Durante o cumprimento dos mandados, ele ofereceu resistência, sendo contido pelos agentes.
Na ação, foram apreendidos cinco pen drives, sete cartões de memória, um notebook, cinco telefones celulares, diversos chips telefônicos, bichos de pelúcia, dois relógios, uma touca ninja e um relógio com câmera escondida, além de outros objetos que serão analisados.
Somadas, as penas previstas para os crimes investigados podem chegar a 34 anos de reclusão. O material apreendido será periciado para aprofundar a apuração sobre a extensão dos abusos e a possível existência de outras vítimas.
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