RJ em Foco
Natal de novos hábitos no Rio: na correria dos 'atrasildos', festa ganha hits que concorrem até com Papai Noel
Entrega de presentes com a Carreta Furacão ou enfeites que substituem as tradicionais guirlandas fazem parte do clima de fim de ano fluminense
“Como é que Papai Noel não se esquece de ninguém” é uma eterna dúvida. Mas, para garantir o toque lúdico do Natal caso o Bom Velhinho não apareça, há quem esteja recorrendo a outros personagens. Numa festa antecipada no centro do Rio na semana passada, os presentes foram entregues pela Carreta Furacão, com seus espevitados Fofão e Homem-Aranha, além de um palhaço, rebolando até o chão ao som do funk. Uma troca de papéis que não é o único modismo das celebrações deste ano, ainda mais para aqueles “atrasildos” que deixaram para a última hora os preparativos das confraternizações.
Verão 2026:
Com tempo recorde,
Na capital e em cidades vizinhas, a criatividade de quem corre contra o tempo se multiplica como passas no arroz. Projetores de imagens — com motivos natalinos, claro — substituem pisca-piscas. Objetos diversos, muitas vezes recicláveis, são usados no lugar das tradicionais guirlandas e enfeites de mesa. Há cortinas com símbolos natalinos e tudo o que for possível para que a ceia saia bonita na foto. Nesta segunda-feira, na Saara, letreiros cintilantes e fantasias para adultos e crianças atraíam compradores. E o vendedor de uma das lojas do concorrido centro comercial contava quais os adereços de maior sucesso nesta temporada.
— Tem saído muito desses gorrinhos — dizia Leonardo Costa, apontando para o acessório que lembra o de duendes dos desenhos animados.
Já para animar a criançada na Noite Feliz, se tem sido difícil encontrar um Papai Noel que não esteja dando expediente, sobra para personagens como os da Carreta Furacão. Ou então para Bons Velhinhos, digamos, diferentes, como Luis Cláudio Vasconcellos, o conhecido Papai Noel do Leblon, que de janeiro a janeiro trabalha nas ruas com grupos que incluem até os beberrões que vão de bar em bar pelo bairro. É ele a esperança para quem deixa para resolver as últimas pendências quase no dia 24, às vésperas da ceia.
Fim do monopólio do crime:
Nas noites ou em outros turnos de 24 e 25 de dezembro, ele cobra de R$ 300 a R$ 500 para entregar presentes em casas de famílias. Sai de Irajá, onde mora, e, ao chegar a cada lar, normalmente na Zona Sul, recebe os brinquedos que os pequenos vão ganhar. Depois de 30 minutos ou mais, a depender do combinado, sai com o saco cheio de histórias para contar. A noite dele termina na festa do cantor Nego do Borel, onde, enfim, consegue participar dos comes e bebes.
— Uma vez, um menino ganhou uma pistola de atirar água e não parou de me molhar. Tem crianças que rodeiam, outras começam a dançar. Acontece de tudo — conta ele sobre suas Noites Felizes.
'Feliz Natal é o caral**, quero ir para casa':
A danada da rabanada
No preparo da ceia, também há saídas para quem deixou tudo para a véspera da festa. Na Tijuca ou em Copacabana, a loja Beju&Magi vai fazer entregas até 14h de amanhã. No topo do ranking de pedidos da chef Arianna Helena, estão as rabanadas. E ela crê que uma mudança geracional impacta positivamente as vendas.
— Este ano, fizemos 500. Nossa marca existe há dez anos e, há sete, vendemos rabanadas. É interessante perceber que hoje em dia quem fica responsável por fazer e levar o doce não é mais a avó de 70 ou 80 anos. Muitas vezes, é a geração de 30, que prefere comprar, em vez de cozinhar. Então, as vendas só crescem — diz a chef. — Tenho certeza de que amanhã, 14h, ainda vai ter gente querendo comprar o que pode nem ter mais — completa ela, entre risos.
Outro produto tradicional da ceia foi motivo de disputa acirrada ontem no Cadeg, em Benfica. Clientes se aglomeraram numa fila de pelo menos 20 metros para comprar o bacalhau imperial. Até briga saiu, em frente à Casa do Bacalhau.
— Tem tanta gente assim porque aqui custa R$ 65, o quilo — explicou uma das freguesas.
Em mais um estande do mercado, o Tuta do Bacalhau, a enfermeira Maria do Carmo Monteiro, de 65 anos, selecionava um dos produtos de alto padrão.
— Compro sempre o filé (que custa R$ 175). Compro uns dois quilos porque às vezes vêm uns agregados para a ceia, mas não abro mão do bacalhau. Pelo Natal, vale — disse a moradora da Tijuca.
IPTU 2026:
Até a Rússia influencia
A loja do empresário Fernando Abreu, importador do peixe há 30 anos, vende o bacalhau de mais alto padrão a R$ 229 o quilo. O Gadus morhua, o bacalhau do Atlântico, custa de R$ 170 a R$ 250. O Gadus macrocephalus, de R$ 140 a R$ 200. Depois, vem o Ling da Noruega (de R$ 110 a R$ 170), o Zarbo (R$ 70 a R$ 99) e o Saithe (R$ 60, em média). Na unidade do Cadeg, em dezembro, são vendidas até (impressionantes) 15 toneladas.
— Os grandes pescadores são da Noruega e Rússia. Com os barcos russos sancionados, só a Noruega está pescando. E a cota de pesca caiu. Só se pode pescar 25% do que se pescava anos atrás. Esse é o grande motivo para ter subido o valor — diz Abreu.
O empresário tem uma estratégia para atrair os atrasadinhos que chegam à loja no dia 24: deixar numa das geladeiras de fora do estabelecimento, à vista, o que atende à demanda do comprador da correria:
— Muita gente vem na véspera e leva o bacalhau congelado dessalgado. O mercado desse produto vindo de Portugal cresceu muito.
Programa de memória:
Mas, ceia resolvida, Papai Noel em seu trenó, resta uma pendência: o que fazer com os bichinhos de estimação que se assustam com os fogos nas noites de festas? Aí que entra em cena outro hit deste Natal no Rio, a hospedagem para pets. O hotel para animais de estimação Riopet Gávea costuma aceitar check-in de animaizinhos até 15h do dia 24 ou do dia 31, ou até que as vagas sejam encerradas. Junto com o carnaval, o fim do ano é a época em que mais reservas são feitas. No ano passado, foram 230 animais nestas semanas de fim de ano. Até hoje, o número já passa de cem e, claro, há os que deixam para cima da hora.
— Famílias viajam ou vão para casas de outras pessoas e procuram a gente — diz Alana Vasconcelos, atendente do hotel.
A consultora e adestradora Cláudia Pereira, dona do Adestramento em Família, em Niterói, recomenda:
— O ideal é preparar um ambiente seguro e confortável para os cães e, antes de começar a ceia ou dos fogos, organizar um espaço exclusivo para eles com caminha, água fresca, brinquedos. Ajuda usar música relaxante ou ruídos brancos para amenizar sons externos.
Réveillon 2026:
Ainda dá tempo
Para a ceia:
Beiju & Magi: doces como rabanadas, bolos e brownies. Unidade Tijuca: Rua Conde de Bonfim 177. Unidade Copacabana (Take Away): Rua Barata Ribeiro 4. Telefone: (21) 99904-6745.
Chef Malu Mello: proteínas, acompanhamentos e sobremesas. Os pedidos podem ser feitos pelo telefone (21) 97362-2874, com entregas nos dias 23, 24, 30 e 31, em horários combinados.
Bacalhau, o protagonista:
Casa do Bacalhau: Rua Capitão Félix 110, no Cadeg, em Benfica. Telefone: (21) 99743-7366. Fica aberta até a hora do almoço do dia 24.
Empório Tuta do Bacalhau: Rua Capitão Félix 110, no Cadeg. Telefone: (21) 96507-3048.
Papai Noel:
Papai Noel do Leblon (Luís Cláudio): contratações pelo telefone (21) 98313-2564.
Hospedagens para pets:
Adestramento em Família: exige protocolo de vacinação e ambientação do pet. Telefone (21) 99710-0653. Rua Mario Joaquim Santana 236, São Francisco, Niterói.
Rio Pet Gávea: funciona como creche e hotel para cães. Estrada da Gávea 25, Gávea. Telefones: 3687-8108 e 97231-4709.
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