O ex-presidente Jair Bolsonaro apresentou boa evolução clínica durante a noite após ser submetido a uma cirurgia para correção de hérnia inguinal bilateral, realizada nesta quinta-feira, feriado de Natal, no hospital DF Star, em Brasília. Segundo o cirurgião-geral Cláudio Birolini, o quadro pós-operatório imediato é estável, com dor controlada por analgésicos e episódios de soluços, que seguem sob observação da equipe médica.

— Passou bem, teve um pouco de soluços, dor controlada com analgésicos — afirmou Birolini ao GLOBO.

A cirurgia começou por volta das 9h15 e foi finalizada pouco antes das 13h, com duração aproximada de três horas e meia. De acordo com os médicos, o procedimento ocorreu sem intercorrências e conforme o previsto, sob anestesia geral.

Embora considerada eletiva, a cirurgia foi recomendada para evitar agravamento do quadro e possíveis complicações clínicas. A hérnia inguinal bilateral afeta ambos os lados da virilha e pode causar dor persistente. Após a intervenção, Bolsonaro foi encaminhado diretamente ao quarto, sem necessidade de internação em unidade de terapia intensiva (UTI), permanecendo acordado e comunicativo.

O pós-operatório inclui controle rigoroso da dor com analgésicos, fisioterapia para mobilização precoce e medidas para prevenir complicações, como trombose venosa profunda e problemas respiratórios. A expectativa é de que Bolsonaro permaneça internado entre cinco e sete dias, dependendo da evolução clínica.

A equipe médica prevê o início da fisioterapia nas próximas horas, com foco na mobilização precoce, considerada fundamental para reduzir riscos associados à imobilidade prolongada no pós-cirúrgico. O acompanhamento clínico será contínuo, com avaliações diárias da resposta ao tratamento.

Além da recuperação cirúrgica, os médicos monitoram as crises de soluços persistentes apresentadas por Bolsonaro nos últimos meses, tratadas como preocupação recorrente. Inicialmente, cogitou-se um bloqueio anestésico do nervo frênico, responsável por estimular o diafragma, mas após observação clínica, a equipe optou por conduta conservadora, intensificando o tratamento medicamentoso, ajustando a dieta e acompanhando a evolução do quadro. A necessidade de procedimento adicional será reavaliada conforme a resposta clínica.

Os médicos esclarecem que os soluços podem estar relacionados a alterações no sistema digestivo e, até o momento, não há indicação de complicação neurológica associada ao sintoma. Exames complementares poderão ser realizados durante a internação.

Bolsonaro foi internado na quarta-feira para exames e preparo pré-operatório. A hospitalização foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após perícia da Polícia Federal indicar a necessidade da intervenção médica. Segundo o ministro, a autorização não interfere na execução da pena de 27 anos e três meses de prisão imposta ao ex-presidente por tentativa de golpe de Estado.

Durante a internação, Bolsonaro está acompanhado pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.