Poder e Governo
Comercial da Havaianas com Fernanda Torres ganha destaque na imprensa estrangeira
Políticos como Eduardo Bolsonaro e Nikolas Ferreira acusam viés ideológico em campanha publicitária
A repercussão do comercial da Havaianas estrelado por Fernanda Torres ultrapassou as fronteiras do Brasil, tornando-se tema de destaque na imprensa internacional na última semana. Na peça publicitária, a atriz afirma não desejar que os espectadores comecem o próximo ano "com o pé direito", brincando com a expressão popular. Para Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Nikolas Ferreira (PL-MG), entre outros políticos de direita, a fala foi interpretada como uma indireta ao campo conservador.
Segundo reportagem do New York Times, "são as sandálias de dedo favoritas do Brasil. Agora, a direita está boicotando". O jornal norte-americano ressaltou que, por anos, os chinelos da marca simbolizaram a cultura brasileira, mas agora "estão no centro de uma disputa política". O texto destacou a reação "imediata" de conservadores, que viram no anúncio uma mensagem política direcionada ao seu movimento.
No comercial, Fernanda Torres defende que as pessoas entrem em 2026 com os "dois pés":
— Desculpa, mas eu não quero que você comece 2026 com o pé direito. Não é nada contra a sorte, mas vamos combinar: sorte não depende de você, depende de sorte. O que eu desejo é que você comece o ano novo com os dois pés. Os dois pés na porta, os dois pés na estrada, os dois pés na jaca, os dois pés onde você quiser. Vai com tudo, de corpo e alma, da cabeça aos pés. Havaianas, todo mundo usa, todo mundo ama — diz Fernanda no comercial.
Após a divulgação do comercial, políticos de direita passaram a pedir boicote à marca. O ex-deputado Eduardo Bolsonaro, cassado por excesso de faltas, publicou um vídeo jogando um par de chinelos no lixo como forma de protesto.
O The Guardian, do Reino Unido, noticiou que apoiadores de Jair Bolsonaro "cancelaram" a Havaianas devido à campanha. O diário britânico lembrou boicotes semelhantes promovidos por apoiadores de Donald Trump contra marcas como Bud Light, Keurig e Kellogg's. O jornal também destacou as reações da esquerda, que incentivou doações das sandálias e ironizou a situação.
O francês Le Monde ressaltou os "pedidos de boicote" feitos por figuras políticas que consideraram a propaganda tendenciosa, sobretudo pela proximidade das eleições presidenciais. O jornal relatou que a indignação no campo conservador foi "particularmente virulenta", com destaque para a reação de Eduardo Bolsonaro.
Para o espanhol El País, o boicote à Havaianas tornou-se "a mais recente obsessão da extrema-direita brasileira". O jornal observou que parlamentares alinhados a Bolsonaro consideraram o anúncio um ataque aos conservadores, mas que, nas redes sociais, a maioria dos brasileiros respondeu com perplexidade e memes, gerando uma ampla repercussão e publicidade espontânea para a marca.
O El País também analisou que a polêmica reflete o "estado precário" da extrema-direita brasileira, atualmente sem liderança forte após a prisão de Jair Bolsonaro, e vinculou o caso ao contexto político do país.
Além desses veículos, a controvérsia foi abordada por outros meios internacionais, como a RFI (França), El País (Uruguai) e El Mundo (Espanha).
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