Ex-prefeito de Salvador e herdeiro do carlismo, tradicional corrente política baiana, ACM Neto (União Brasil) confirmou pela primeira vez sua candidatura ao governo da Bahia em 2026. Seu nome vem sendo testado em pesquisas eleitorais e aparece à frente do atual governador e potencial candidato à reeleição, Jerônimo Rodrigues (PT). O histórico das disputas estaduais, porém, mostra que os candidatos petistas costumam crescer ao longo da campanha.

— Sou candidato a governador da Bahia — afirmou ACM Neto durante evento no Sul do estado. — Estou nessa porque sinto que todos nós temos uma responsabilidade e um compromisso com o futuro da Bahia e do Brasil, e uma coisa está diretamente ligada à outra.

Se confirmar a candidatura, será a segunda tentativa de Neto de seguir os passos do avô, Antônio Carlos Magalhães, que governou a Bahia em três períodos distintos. Em 2022, Neto enfrentou o mesmo Jerônimo Rodrigues, então um desconhecido secretário de Rui Costa, ex-governador e hoje ministro da Casa Civil.

Naquele pleito, ACM Neto liderou as pesquisas até a reta final, mas, impulsionado pela forte presença de Lula na Bahia — onde o presidente obteve 69,7% dos votos no primeiro turno —, Jerônimo virou o jogo. O petista quase venceu no primeiro turno, com 49,5%, e garantiu a vitória na segunda rodada, por 52,8% a 47,2%.

Antes de Jerônimo, Rui Costa (2014) e Jaques Wagner (2006) passaram por situações semelhantes: começaram atrás nas pesquisas, mas cresceram e foram eleitos no primeiro turno. Ambos conseguiram se reeleger sem grandes dificuldades nas disputas seguintes.

A última pesquisa Genial/Quaest, realizada em agosto, aponta ACM Neto com 41% das intenções de voto, contra 34% de Jerônimo Rodrigues. Apesar disso, o atual governador mantém 59% de aprovação, o que pode impulsionar seu desempenho eleitoral.

Histórico político

Com Jaques Wagner, Rui Costa e Jerônimo Rodrigues, o PT venceu todas as eleições estaduais na Bahia desde 2006, quebrando a hegemonia do PFL de ACM, que posteriormente se tornou DEM e, mais recentemente, se fundiu ao PSL, formando o União Brasil.

Antes do domínio petista, o PFL venceu as disputas de 1990 a 2002. Durante a ditadura militar, Antônio Carlos Magalhães governou a Bahia por dois mandatos, sendo filiado à Arena, partido do regime, e depois ao PDS, nova denominação da sigla na abertura política.

ACM Neto já foi deputado estadual, deputado federal e prefeito de Salvador por dois mandatos. Antes de tentar o governo do estado, conseguiu eleger seu sucessor na prefeitura, Bruno Reis (União Brasil), que segue à frente da capital. Em contrapartida, o PT nunca conseguiu eleger um prefeito em Salvador.

No evento que confirmou sua candidatura, Neto também declarou que fará oposição ao PT em âmbito nacional.

— O meu candidato é aquele que vai ajudar a derrotar o PT, para vencer a eleição aqui e em todo o Brasil — afirmou.

Segundo a Quaest, 40% dos baianos preferem que o próximo governador seja aliado de Lula, enquanto 49% defendem um perfil “independente”. Apenas 9% manifestam simpatia por um nome próximo a Jair Bolsonaro.

Esse perfil do eleitorado levou ACM Neto a evitar um posicionamento explícito no segundo turno de 2022, quando não declarou voto no ex-presidente.