Poder e Governo

Bolsonaro é internado em Brasília para cirurgia de hérnia inguinal bilateral

Ex-presidente passará por exames e preparo pré-operatório antes de procedimento autorizado pelo STF

Agência O Globo - 24/12/2025
Bolsonaro é internado em Brasília para cirurgia de hérnia inguinal bilateral
O ex-presidente Jair Messias Bolsonaro - Foto: Reprodução

O ex-presidente Jair Bolsonaro será internado nesta quarta-feira, em Brasília, para exames e preparo pré-operatório visando à correção de uma hérnia inguinal bilateral. A internação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após perícia da Polícia Federal (PF) indicar a necessidade da intervenção.

De acordo com o cronograma médico, esta quarta-feira será dedicada à realização de exames clínicos e laboratoriais. A cirurgia está agendada para a manhã de quinta-feira e deve durar entre três e quatro horas.

Esta será a sétima cirurgia de Bolsonaro desde 2018, quando sofreu uma facada durante a campanha presidencial. Todas as intervenções foram motivadas por sequelas desse atentado.

Preparo e porte da cirurgia

Antes do procedimento, Bolsonaro será submetido a uma bateria de exames para confirmar o diagnóstico, avaliar seu estado geral de saúde e minimizar riscos durante a cirurgia. O preparo inclui avaliações cardiológica e anestésica, ajustes de medicação e outros cuidados clínicos.

O procedimento desta quinta-feira é considerado de menor porte em relação à cirurgia realizada em abril, quando Bolsonaro passou por uma desobstrução intestinal, intervenção classificada como de “grande porte” e que durou cerca de 12 horas.

O que é a cirurgia de hérnia inguinal bilateral

A hérnia inguinal bilateral ocorre quando partes do intestino se projetam por áreas enfraquecidas da parede abdominal na região da virilha. A cirurgia busca reposicionar o conteúdo abdominal e reforçar a musculatura local, reduzindo riscos de dor, complicações e recidivas.

O procedimento será realizado sob anestesia geral, com monitoramento contínuo das funções vitais.

Entenda o bloqueio do nervo frênico

A equipe médica avalia a possibilidade de realizar um bloqueio anestésico do nervo frênico, medida que pode ser indicada para controlar as crises de soluços persistentes apresentadas por Bolsonaro nos últimos meses. O nervo frênico é responsável por estimular o diafragma, músculo essencial para a respiração. O bloqueio visa interromper estímulos anormais que causam contrações involuntárias. O momento exato para essa intervenção ainda será definido.

Pós-operatório

Após a cirurgia, Bolsonaro será submetido a controle rigoroso da dor, com uso de analgesia adequada e monitoramento contínuo. A recuperação incluirá sessões de fisioterapia para mobilização precoce e melhora da função respiratória, além de medidas preventivas contra trombose venosa profunda.

A expectativa da equipe médica é de que o ex-presidente permaneça internado por cinco a sete dias, período necessário para analgesia, fisioterapia, prevenção de complicações e observação clínica, considerando o histórico de cirurgias abdominais.

Autorização de Moraes

A defesa de Bolsonaro solicitou ao STF a internação no dia 24 para exames preparatórios, com cirurgia no dia seguinte. O ministro Alexandre de Moraes autorizou a internação após manifestação técnica, destacando que Bolsonaro mantém “plenas condições de tratamento de saúde” na Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal, unidade próxima ao hospital onde será atendido.

Moraes ressaltou que a cirurgia tem caráter eletivo, e não emergencial. Laudo da Polícia Federal recomendou que a intervenção ocorra “o mais breve possível”, mas sem urgência imediata.

Bolsonaro cumpre pena de 27 anos e três meses de prisão após condenação pelo STF por tentativa de golpe de Estado. Moraes frisou que a autorização para internação não interfere na execução da pena.

Durante a internação, Bolsonaro será acompanhado pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. A defesa solicitou a presença dos filhos Flávio Bolsonaro (senador) e Carlos Bolsonaro (vereador), mas o ministro afirmou que só serão liberados mediante decisão judicial.